O ministro sueco responsável, Benjamin Dousa, afirmou que a decisão de Estocolmo resulta da decisão do parlamento israelita de proibir todas as atividades da UNRWA no país e nos territórios palestinianos ocupados por Israel, o que a agência descreveu como uma "punição coletiva".

"A ajuda sueca deve chegar e não ficar presa numa conta bancária pelo caminho", defendeu o governante na sua conta da rede social X, acrescentando que a decisão israelita faz com que as autoridades suecas tenham de transferir o apoio para organizações como o Programa Alimentar Mundial (PAM) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).

"A UNRWA também está a passar por uma crise de confiança. A organização tem sido criticada há décadas pela sua falta de neutralidade", considerou, referindo-se às acusações israelitas contra a agência por uma alegada colaboração com grupos como o Movimento de Resistência Islâmica (Hamas), que levaram 16 países a suspender o financiamento.

Uma investigação liderada pela antiga Ministra francesa dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, concluiu em abril passado que as autoridades israelitas não apresentaram provas concretas das alegadas ligações terroristas atribuídas a vários funcionários da UNRWA.

Dousa afirmou que Estocolmo vai aumentar a sua ajuda à Faixa de Gaza, mas insistiu que "as decisões do Knesset (Assembleia Legislativa israelita), que a Suécia criticou, vão dificultar e impossibilitar grande parte do trabalho da UNRWA", o que justifica a procura de outros canais de ajuda.

O ministro sueco também denunciou a situação em Gaza e afirmou que Israel, enquanto potência, "tem uma responsabilidade acrescida para com a população civil".

"É necessário permitir a entrada de mais camiões (com ajuda humanitária) e que estes possam circular em segurança", defendeu.

A Assembleia Geral da ONU aprovou a 11 de dezembro uma resolução que apoia a UNRWA e critica a legislação aprovada pelo parlamento israelita, sublinhando que "qualquer interrupção ou suspensão do trabalho da agência teria graves consequências humanitárias para milhões de refugiados palestinianos".

O Parlamento Europeu insistiu que "nenhuma organização pode substituir" a capacidade ou o mandato da UNRWA e exigiu que Israel respeite o mandato da agência, bem como "os seus privilégios e imunidades" e que "atue imediatamente para garantir que as suas operações possam ser realizadas sem obstáculos ou restrições" em Gaza e na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.

 

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