Shamsud-Din Jabbar, norte-americano de 42 anos, foi identificado pelo FBI como o autor do atropelamento que matou pelo menos 15 pessoas e provocou dezenas de feridos numa das ruas mais movimentadas em Nova Orleães, nos Estados Unidos, na sequência dos festejos da Passagem de Ano. A carrinha usada no ataque tinha uma bandeira do Daesh e o homem acabou por morrer, minutos depois, num tiroteio com a polícia.
O veterano, nascido e criado no Texas, e sem antecedentes criminais, esteve ao serviço do exército norte-americano entre 2007 e 2015 na área dos recursos humanos e de tecnologia, tendo sido destacado para o Afeganistão entre 2009 e 2010. Passou à reserva como especialista em tecnologia da informação, tendo abandonado a carreira militar em julho de 2020, após um total de 13 anos de serviço. Antes do exército tinha estado três anos na marinha.
Divorciado e pai de três filhos, Jabbar desenvolveu uma carreira de empresário na área do imobiliário após ter abandonado a vida militar, aparecendo em vários vídeos para o YouTube, a promover a sua empresa, Blue Meadow Properties LLC. Tinha uma licença de agente imobiliário, que expirou em 2023, no Texas. Desde 2021 trabalhava na gigante de consultoria Deloitte, segundo o “Washington Post”, que cita a própria empresa.
Há cerca de um ano, Jabbar mudou-se para uma casa alugada num bairro muçulmano em Houston, cujo acesso foi bloqueado pelas autoridades desde o ataque, devido às investigações no terreno. Um dos vizinhos de Jabbar, que foi impedido de voltar para casa, disse que o homem de 42 anos era reservado.
Entrevistado pelo “New York Times”, o irmão de Jabbar, Abdur Jabbar, de 24 anos, disse que tinha falado com ele há duas semanas, pela última vez, e que o que Jabbar fez "não representa o Islão (...) e é mais um tipo de radicalização, não de religião". Acrescentou ainda que ambos foram criados como cristãos mas que o irmão há muito se tinha convertido ao Islão. Contou ainda que Jabbar se juntou ao exército porque não sabia o que queria fazer da vida e foi uma forma de ganhar "disciplina".
Bandeira do Daesh na carrinha
Num comunicado, o FBI explicou que “dirigia uma carrinha Ford, que parece ter sido alugada”, estando a agência ainda “a tentar confirmar como conseguiu o veículo”. Para além disso, foi localizado no mesmo uma bandeira do Daesh e o FBI está a trabalhar para determinar as "possíveis associações e afiliações do sujeito com organizações terroristas".
As autoridades acreditam que mais pessoas estiveram por dentro da organização deste ataque. Numa entrevista ao canal NBC News, a procuradora-geral do Louisiana, Liz Murrill, confirmou que "há várias pessoas envolvidas" e que os dispositivos explosivos usados no ataque foram fabricados num Airbnb alugado pelos mesmos, segundo indica a investigação preliminar.
O ataque aconteceu durante as celebrações do Ano Novo e quando a cidade também se enchia de gente para o Sugar Bowl, um jogo de futebol americano universitário que se realiza hoje com a presença de milhares de pessoas.
A comissária da polícia Anne Kirkpatrick disse à imprensa que o ataque foi intencional e que o motorista estava "fortemente determinado a causar uma carnificina". Afirmou ainda que as autoridades estão a trabalhar para garantir a segurança do Sugar Bowl. Ao “New York Times”, uma testemunha relatou: “ouvimos pisar no acelerador, depois o impacto e depois os gritos. Parecia saído de um filme de terror".
Os meios de comunicação social norte-americanos citaram várias testemunhas que viram um camião dirigir-se a alta velocidade contra a multidão, tendo o condutor saído e começado a disparar uma arma. A polícia respondeu também com tiros.
As condenações a nível internacional têm-se multiplicado, com o Governo português a expressar solidariedade para com os cidadãos da cidade e com os norte-americanos em geral. As autoridades do Egito, da Arábia Saudita e do Catar, além da Liga dos Países Islâmicos – com sede na cidade saudita de Jeddah e composta por 57 Estados Países árabes – condenaram hoje o ataque e reiteraram o seu repúdio contra todos os tipos de violência e terrorismo.