O primeiro-ministro português defendeu, esta quinta-feira, que "seria um mau sinal" se a União Europeia (UE) tivesse de "estar à espera" que Donald Trump inicie funções como Presidente norte-americano para decidir o futuro do apoio à Ucrânia.
Questionado sobre se as decisões da UE estão em suspenso até ao regresso de Donald Trump à Casa Branca, em 20 de janeiro de 2025, Luís Montenegro respondeu que "seria um mau sinal se a Europa tivesse de estar à espera de quem quer que seja".
"A Europa não pode vacilar, a Europa não vai vacilar no seu apoio à Ucrânia", acrescentou Luís Montenegro à entrada para uma reunião do Conselho Europeu, em Bruxelas (Bélgica), a última de 2024 e primeira de António Costa (ex-primeiro-ministro português) enquanto presidente desta instituição.
O primeiro-ministro social-democrata reconheceu que é necessário "estreitar ainda mais a relação transatlântica", nomeadamente com os Estados Unidos da América.
Já sobre o Presidente eleito, Luís Montenegro reconheceu que a relação "poderá não ser a mesma coisa que era com o Presidente que está em exercício [o democrata Joe Biden], mas será no mesmo respeito".
Costa preside ao primeiro Conselho Europeu
Depois de, a 01 de dezembro, ter passado o primeiro dia do seu mandato em Kiev para garantir o apoio da União Europeia (UE) à Ucrânia face à invasão russa, e de nessa altura ter convidado Volodymyr Zelensky para se deslocar a Bruxelas, António Costa preside, esta quinta-feira, ao seu primeiro Conselho Europeu.
Nesta reunião de alto nível dos líderes europeus, que surge um dia após a sua primeira cimeira europeia entre a UE e os Balcãs Ocidentais, a ideia é "enviar uma mensagem unida e inequívoca de apoio à Ucrânia, em prol de uma paz abrangente, justa e duradoura", segundo a carta-convite enviada por António Costa aos chefes de Governo e de Estado dos 27 países que integram o bloco europeu.
Numa altura de impasse na guerra na Ucrânia, e antes do Presidente eleito norte-americano Donald Trump tomar posse em janeiro, António Costa quer a UE a "fazer tudo o que for preciso para que a invasão russa seja derrotada e o direito internacional prevaleça", razão pela qual convidou Zelensky, de quem espera ouvir "opiniões sobre a melhor forma de a Europa apoiar a Ucrânia", ainda de acordo com a missiva.
Num momento em que a UE e os seus Estados-membros já avançaram com cerca de 125 mil milhões de euros de apoio à Ucrânia, para o país manter os seus principais setores de atividade mas também para se defender da Rússia, o objetivo do apoio comunitário é que Kiev fique numa posição mais forte face a Moscovo para, assim, conseguir negociar a paz.
O primeiro-ministro referiu também que quer reiterar na reunião do Conselho Europeu o apoio incondicional de Portugal à Ucrânia. Luís Montenegro também ambiciona discutir o Pacto de Migrações e Asilo e o aprofundamento da regulação.
Para 2025, está previsto um apoio financeiro de mais de 30 mil milhões de euros (12,5 mil milhões de euros do Mecanismo de Apoio à Ucrânia e de 18,1 mil milhões de euros dos empréstimos extraordinários), além do apoio de cerca de 30 mil milhões de euros já concedido até à data.
Apesar de não se esperarem novos anúncios para a Ucrânia, este primeiro Conselho Europeu de António Costa traz como novidade o método de trabalho dos líderes da UE, que após receberem Volodymyr Zelensky se vão concentrar em temas como as migrações, o papel da UE no mundo e noutras tensões geopolíticas, como no Médio Oriente.
Com Lusa