Nas celebrações dos 51 anos do 25 de Abril de 1974, o deputado do JPP, Carlos Silva centrou o discurso num recordar do que falta cumprir. Ainda assim começou com esperança do "dia extraordinário vivemos hoje", o "dia de cantar a Liberdade! Hoje é o Dia de celebrar o espírito revolucionário dos Madeirenses e Porto-santenses. Hoje, percorremos as Avenidas da Liberdade, passeamos nas Praças do Povo, deambulamos pelas ruas de Abril, sem receio, sem medo, livres! Que Dia extraordinário!"

Apesar disso, num diz que fica marcado pelo luto nacional pela morte do Papa Francisco, Carlos Silva não deixou passar essa questão. "Rendo-te homenagem, rendemos-te homenagem. A ti e a todos quantos lutaram e ainda lutam para que o seu irmão e irmã sejam livres. Livres dos estigmas do racismo, da pobreza, da xenofobia. Simplesmente Homens e Mulheres! Obrigado pela tua Revolução Tranquila. O teu exemplo e o exemplo de todos aqueles que há cinquenta anos ousaram sonhar com um mundo novo são para nós uma inspiração. Todos aqueles que não se calaram num País amordaçado pela Ditadura, num País sangrado pela guerra e pela emigração, num País onde a Saúde era uma miragem e a Educação um luxo. Pelo que fizeram - só vos podemos estar profundamente gratos. Pois só assim, só Vós, homens e mulheres, justos e valentes, só Vós nos permitistes almejar o Futuro. Obrigado a todos por este belo presente que nos deixastes!"

E continuou elogiando "todos os heróis de todos os 25 de abril, de ontem e de hoje que nos trouxeram até aqui. E nunca deixemos de os recordar, embora alguns continuem a tentar silenciar os espíritos livres. Sejamos dignos herdeiros desta frase singela que pontifica no listel do nosso brasão de armas: 'Das Ilhas as mais belas e livres, Das Ilhas as mais belas e livres'. Porque sim, também aqui, na Região Autónoma da Madeira, esta bela herança da Revolução de Abril, se fizeram, se continuam a fazer revoluções. Também aqui, todos os dias, desde sempre, homens e mulheres se entregaram, se entregam à construção de um mundo melhor".

Revisitando mais de 600 anos da nossa História, onde "também tivemos os levantamentos populares, também tivemos a agitação política e social, episódios, momentos em que o Povo se viu ameaçado nos seus mais justos e dignos anseios", Carlos Silva deu uma lição de História, passando antes e depois, pelas várias revoltas. "Episódios como o que sucedeu em São Vicente, a Revolta da Pedrada, em 1868; ou o Motim da Cólera, em 1894; ou a Revolta da Farinha, em 1931; ou a Revolta da Madeira, em 1931; ou a Revolta do Leite, em 1936; ou a Revolta das Águas, em 1962; ou a Revolução de Abril, em 1974; ou o 25 de Novembro, em 1975. Estes são momentos que a História consagrou, mas tantos outros aconteceram e acontecem todos os dias", disse.

E o comum desses motins é o povo, lembrou o deputado do Juntos Pelo Povo. "Estas são as revoluções que este dia nos inspira e que faltam fazer. Olhemos a História. Aprendamos com a História. Sejamos herdeiros dignos desses homens e mulheres que, corajosamente arrostaram contra as injustiças, a fome e a guerra, a tirania. Sejamos filhos da Revolução. Sejamos também nós revolucionários, como o são os cidadãos desta terra que todo o dia enfrentam os desafios constantes", disse, apelando aos deputados.

"Exatamente porque cabe aos deputados prevenir abusos e desmandos. Exatamente porque cabe aos deputados garantir a defesa dos mais frágeis na sociedade. Exatamente porque cabe aos Deputados trabalhar em prol de uma sociedade mais justa e mais fraterna, onde não seja necessário, frequentemente com custos para a vida humana, o Povo se levantar para exigir os seus direitos. Cabe aos deputados tornar inúteis todas e quaisquer revoluções futuras, antes que elas aconteçam, pois elas são a expressão da Dor e da Injustiça que cai sobre uma Sociedade. Juntos. Povo e os seus representantes têm o dever de garantir uma sociedade fraterna e humana" e atirou: "Temos que ser os primeiros a erguer-nos contra as injustiças sociais, contra os atropelos e na busca de uma sociedade mais justa e mais fraterna."

E concluiu: "Temos que fazer a Revolução Tranquila, a exemplo do jesuíta Jorge Bergoglio, tantas vezes aqui citado, nesta Casa. Pois ainda falta fazer a Revolução. Nestes tempos de turbulência social e económica do mundo global urge fazer a Revolução: - a revolução da Saúde e da Habitação; - a revolução do Bem estar social, - a revolução da Autonomia", referiu entre tantas propostas num discurso que sobrou apenas 4 segundos dos 16 minutos concedidos pelo regimento.