
A deputada Sara Madalena (CDS/PP) preparou para a sessão comemorativa do Dia da Assembleia Legislativa da Madeira deste sábado uma mensagem centrada no progresso da Região mas sobretudo nas desigualdades de género que penalizam as mulheres na política madeirense.
A representante centrista destacou os avanços que a autonomia regional permitiu ao longo dos últimos 41 anos. “Progresso, sobretudo estrutural, avanços sociais e culturais, económicos e turísticos”, enumerou a deputada, sem deixar de sublinhar que “ainda há muito que fazer, sobretudo no que às mulheres concerne”. Com um tom crítico, Sara Madalena questionou a persistente ausência de mulheres em cargos de liderança política. “Como se admite que 41 anos depois da instituição da autonomia se tenha eleito só uma mulher presidente de câmara?”, questionou, apontando também para a escassa presença feminina como cabeças-de-lista em eleições e as jogatanas que, segundo a deputada, procuram “apagá-las do panorama político”.
Sara Madalena formulou uma crítica social mais ampla, evocando o papel tradicional imposto às mulheres. “Durante décadas as mulheres tiveram de se abnegar aos maridos. Lavar a louça, cozinhar, tratar dos filhos. Tudo, menos usar a cabeça, sob pena de perderem a sua autoridade máscula. E aí de quem se impusesse! Uma dose de violência doméstica, física ou verbal, era o seu destino”, descreveu.
A representante parlamentar do CDS denunciou também preconceitos ainda presentes, como a limitação da liberdade feminina na forma de se vestir ou se expressar. Neste capítulo, defendeu as liberdades individuais: “Quem quiser usar batom vermelho, que use. Quem tiver um corpo voluptuoso, que o honre. E que o honre aqui, nesta Assembleia”.
Citando a psicóloga e política Maria Belo, a deputada defendeu que a luta feminista deve centrar-se não apenas na igualdade, mas no direito à diferença em condições de equidade. “A liberdade acaba onde começa a liberdade do outro e das coisas mais difíceis que há, é ser fiel à liberdade”, destacou.
Por fim, Sara Madalena exaltou a feminilidade das instituições que representam o poder democrático: “A autonomia é uma mulher, a república é uma mulher e a assembleia, temos pena, é uma mulher”.