Depois da troca de comunicados e acusações entre o gabinete do primeiro-ministro e o PS, esta segunda-feira apurou a SIC que os líderes do Chega e da Iniciativa Liberal tiveram encontros em São Bento. Acontece que, nenhum dos líderes dos partidos ou o Governo anunciaram ou confirmaram estes encontros.

Ainda assim, e sem assumir que os mesmos aconteceram, o gabinete de Luís Montenegro não o nega. Numa curta nota de imprensa enviada ao início da tarde desta segunda-feira às redações, lê-se que: "Não há reuniões secretas na residência oficial do primeiro-ministro".

Porém, acrescenta a mesma nota, "há encontros com entidades e personalidades de várias áreas, incluindo líderes políticos, sobre temas de interesse nacional, que ocorrem muitas vezes com discrição e sem a presença da comunicação social", refere o comunicado, sem aludir diretamente aos encontros com André Ventura e Rui Rocha.

Iniciativa Liberal confirma reunião

A Iniciativa Liberal confirmou que o líder do partido, Rui Rocha, esteve reunido com o primeiro-ministro no "âmbito da situação política e das negociações do Orçamento do Estado".

"A Iniciativa Liberal (IL) confirma que o presidente da IL, Rui Rocha, teve uma reunião logo à primeira hora da manhã com o senhor primeiro-ministro, no âmbito da situação política e das negociações do Orçamento do Estado", confirmou à Lusa fonte do partido.

Por sua vez, contactado pela agência Lusa, fonte oficial do Livre indicou que não teve hoje qualquer reunião com o primeiro-ministro em São Bento. Já fonte do PAN referiu que não recebeu qualquer convite para uma reunião.

Agendas e polémicas

No domingo, foi marcada a primeira reunião entre o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, para debater o OE 2025, que se realizará na sexta-feira, às 15:00.

A informação foi transmitida ao início da noite por fonte do Executivo cerca de uma hora depois de o primeiro-ministro ter enviado um comunicado às redações a acusar o secretário-geral do PS de "indisponibilidade recorrente" para uma reunião sobre o documento, alegando que está a tentar marcar esse encontro desde 04 de setembro.

Em resposta, o líder do PS acusou o Governo de provocar os socialistas com um "comunicado inaceitável" sobre o processo negocial do Orçamento do Estado para 2025 e querer criar uma "indesejável instabilidade política", rejeitando alimentar "discussões infantis e estéreis".

No comunicado, o PS referia que "o Governo sugeriu a realização de reuniões em dois momentos entre o primeiro-ministro e secretário-geral do PS, reuniões que não tiveram lugar".

"Da primeira vez, a reunião não aconteceu porque não haviam sido enviados a tempo os dados sobre as contas públicas exigidos pelo secretário-geral do PS para se iniciar o processo negocial. Da segunda vez, na passada quarta-feira, o Governo recuou na marcação da reunião quando o PS exigiu que da mesma fosse dada conhecimento público prévio", escrevem.

Já hoje, à margem de uma visita às áreas afetadas pelos incêndios em Oliveira de Azeméis, no distrito de Aveiro, Pedro Nuno Santos PS salientou que é essencial para os socialistas que qualquer reunião que venha a acontecer com o Governo seja do conhecimento público prévio.

"Não há, nem pode haver reuniões secretas", defendeu.

Na mesma ocasião, Pedro Nuno Santos afirmou que só não haverá Orçamento de Estado para 2025 se o PSD não quiser: "Eu quero deixar claro que não é por causa do PS que não haverá Orçamento de Estado, só não haverá Orçamento de Estado se o Governo não quiser e só haverá eleições antecipadas se o Governo ou o senhor Presidente da República quiserem", disse.

A proposta de Orçamento do Estado para 2025 tem de dar entrada na Assembleia da República até 10 de outubro e tem ainda aprovação incerta, já que PSD e CDS-PP (partidos que suportam o executivo liderado por Luís Montenegro) somam 80 deputados, insuficientes para garantir a viabilização do documento.

Com LUSA