O Parlamento Europeu defendeu esta quinta-feira que a Ucrânia deve ser capaz de utilizar o armamento disponibilizado por outros países para atingir alvos militares na Rússia, apesar de a decisão estar nas mãos de cada nação.

De acordo com uma resolução aprovada durante a sessão plenária em Estrasburgo (França), com 425 votos favoráveis, 131 contra e 63 abstenções, a maioria dos eurodeputados é favorável ao levantamento de todas as restrições à utilização de armamento para que a Ucrânia possa "exercer plenamente o seu direito à autodefesa".

Os eurodeputados dos 27 países da União Europeia justificaram a posição com a necessidade de assegurar que Moscovo deixe de atingir infraestruturas civis críticas e com os atrasos na disponibilização de mais munições e armamento.

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, tem-se desdobrado em apelos ao levantamento das restrições, mas até hoje a generalidade dos países mantém-se irredutível.

Rússia acusa Parlamento Europeu de criar condições para guerra nuclear

O presidente do Parlamento russo (Duma) acusou o Parlamento europeu de criar condições para uma guerra nuclear ao instar os países do continente a autorizar a Ucrânia a usar mísseis de longo alcance contra alvos na Rússia.

"Hoje, o Parlamento Europeu apelou aos países da União Europeia para levantarem as restrições aos ataques de Kiev com armamento de longo alcance contra o nosso país, aumentarem o apoio militar à Ucrânia e angariarem fundos entre a população para o Exército ucraniano. Aquilo a que estes apelos conduzem é a uma guerra mundial com armas nucleares", escreveu Viacheslav Volodin na plataforma digital Telegram.

Volodin, um reconhecido falcão na política russa, afirmou que, se for aprovada a utilização desse tipo de armamento, "a Rússia responderá com armas muito mais potentes". "Que ninguém tenha ilusões em relação a tal. A Duma russa insiste nisso", sublinhou.

O líder da Duma atacou também os eurodeputados ao perguntar se estes consultaram os seus eleitores antes de tomar essa decisão e expressou dúvidas de que os cidadãos europeus queiram que a guerra lhes bata à porta.

OUTRAS NOTÍCIAS QUE MARCARAM O DIA:

⇒ O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que a ofensiva lançada em agosto pelas forças de Kiev em Kursk obrigou Moscovo a deslocar 40 mil militares para defender esta região fronteiriça russa. As forças de Kiev conseguiram igualmente "reduzir as capacidades de assalto" das tropas russas em Donetsk, no leste do país, onde nas últimas semanas tinham sido registados avanços territoriais dos militares de Moscovo.

⇒ O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, receberá em Washington o seu homólogo ucraniano no dia 26 de setembro, que também será recebido separadamente pela vice-presidente e candidata presidencial Kamala Harris, anunciou a Casa Branca. Em aberto permanece a possibilidade de Zelensky se encontrar com o ex-Presidente e candidato republicano nas próximas eleições de novembro, Donald Trump, durante esta visita. A hipótese foi hoje revelada por Trump, sem adiantar mais pormenores.

⇒ A presidente da Comissão Europeia anunciou um apoio comunitário de 160 milhões de euros para a preparação do inverno na Ucrânia, em abrigos e obras de reparação, divulgando também que se deslocará a Kiev na sexta-feira. Deste valor, 100 milhões de euros "provêm das receitas dos ativos russos imobilizados na União Europeia", tendo Ursula von der Leyen vincado ser "justo que a Rússia pague pela destruição que causou".

⇒ A NATO conclui na sexta-feira as suas manobras contra drones que, pela primeira vez, contaram com a participação da Ucrânia, bem como de atores do setor privado e da comunidade da investigação. A Ucrânia deu a conhecer a sua experiência no campo de batalha no combate a drones de pequenas dimensões.

⇒ Putin afirmou que as Forças Armadas vão receber este ano quase dez vezes mais drones do que em 2023, quando foram produzidos cerca de 140 mil. O Presidente russo indicou que "a maior parte destes aparelhos será enviada para a frente" de combate para proteger as vidas dos soldados e o armamento, mas também dos civis e as infraestruturas. Até 2030, prosseguiu Putin, serão criados 48 centros de design e produção de drones em diferentes regiões do país.

⇒ O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos anunciou novas sanções contra cinco bancos e um indivíduo com vista a desmantelar a rede financeira entre a Rússia e a Coreia do Norte no contexto da guerra na Ucrânia.

⇒ A população da Ucrânia corre risco agravado de sofrer com frio neste inverno após a destruição de numerosas centrais elétricas, alvo das tropas russas, alertou a Agência Internacional de Energia (AIE) num relatório. "O sistema energético ucraniano sobreviveu aos dois últimos invernos [...] mas este inverno será, de longe, o teste mais severo até agora", sustentou o diretor-geral da AIE, Fatih Birol.

⇒ O antigo chefe do Estado-Maior da Moldávia, Igor Gorgan, foi indiciado de alta traição pela Procuradoria Contra o Crime Organizado e Casos Especiais, após ter sido acusado em diversas ocasiões de alegada espionagem para a Rússia. O porta-voz do Ministério Público, Emil Gaitur, indicou que os procuradores estão a tentar descobrir o envolvimento do suspeito e que informações terá partilhado com "potências estrangeiras".