
Mais de uma dezena de antigos autarcas anunciaram que vão voltar a candidatar-se, nas eleições do próximo dia 12 de Outubro, à presidência de municípios que já lideraram. Entre eles, está Rui Marques que volta a encabeçar a lista do PSD à Câmara da Ponta do Sol.
Rui Marques Luís (PSD) foi presidente da Câmara Municipal de Ponta do Sol, na Madeira, em 2005, 2009 e 2013, tendo deixado o cargo em 2017 por ter cumprido três mandatos consecutivos. Surge agora de novo a encabeçar a lista social-democrata à mesma autarquia madeirense.
Mas antes de conhecer o resultado do sufrágio, o antigo autarca deverá saber o desfecho de um outro processo, de cariz judicial. Em Junho último, a juíza de instrução do Funchal adiou para meados de Setembro a decisão sobre o processo de investigação às alegadas irregularidades em centenas de licenciamentos de obras pela Câmara da Ponta do Sol, durante os mandatos do ex-presidente Rui Marques.
A decisão instrutória vai determinar se o caso é arquivado ou segue para julgamento. Conforme o DIÁRIO noticiou, na origem do processo estão denúncias realizadas em 2019 e 2020 sobre alegadas irregularidades no licenciamento de centenas de obras particulares durante os mandatos autárquicos de 2009 a 2017, com a aprovação de projectos que violavam o PDM, com dispensa de controlo prévio e de fiscalização e que tinham recebido pareceres contrários dos técnicos da autarquia.
Além de Rui Marques, alguns antigos autarcas do País anunciaram que vão voltar a candidatar-se, nas eleições de outubro, à presidência de municípios que já lideraram, nomeadamente Dores Meira, que quer voltar a Setúbal, e Luís Filipe Menezes, candidato a Gaia.
Apesar de serem em menor número, os outrora chamados "dinossauros" do poder local ainda existem e mais de uma dezena já anunciou candidaturas às eleições de 12 de outubro próximo (as candidaturas podem ser apresentadas até 18 de agosto).
Em Setúbal, a ex-presidente Maria das Dores Meira, eleita pela CDU (coligação PCP/PEV) em três mandatos consecutivos, em 2009, 2013 e 2017, vai recandidatar-se à presidência do município sadino em 2025, mas agora como independente.
Apesar de independente, Dores Meira recebeu o apoio do PSD nacional, o que desagradou à concelhia do partido.
Com o apoio social-democrata, Luís Filipe Menezes, antigo presidente do PSD, recandidata-se a Vila Nova de Gaia, município a que presidiu durante quatro mandatos (1997, 2001, 2005 e 2009), sempre com maioria absoluta.
Menezes já tinha tentado voltar a ser presidente, em 2013, desta vez na Câmara do Porto, mas perdeu a batalha eleitoral para o atual presidente portuense, o independente Rui Moreira.
Nestas mesmas eleições, em 2013, foi também derrotado Nuno Cardoso, antigo presidente da Câmara do Porto, que ocupou o cargo em substituição de Fernando Gomes (PS), entre 1999 e o final de 2021.
Nuno Cardoso é novamente candidato ao Porto, como independente, pelo movimento "Pensar o Porto".
O antigo presidente da Câmara de Estremoz Luís Mourinha já apresentou uma nova candidatura à presidência deste município do distrito de Évora, que dirigiu durante 12 anos, eleito pela CDU, e mais outros 10 pelo Movimento Independente por Estremoz (MIETZ), pelo qual vai agora concorrer novamente.
O último mandato de Mourinha foi interrompido em 2019, quando o tribunal o condenou, com a pena acessória de perda de mandato, pelo crime de prevaricação.
Em Vagos (distrito de Aveiro), Rui Cruz (PSD) volta a ser candidato 12 anos depois de ter passado o testemunho a Silvério Regalado, atualmente secretário de Estado da Administração Local.
Rui Cruz foi presidente da Câmara Municipal de Vagos de 2001 a 2013.
Alberto Souto, presidente da Câmara de Aveiro entre 1998 e 2005, pelo PS, também ex-secretário de Estado Adjunto e das Comunicações por este partido, quer voltar à presidência da autarquia e é o candidato socialista.
Alberto tem como principal opositor o seu irmão, Luís Souto, escolhido como candidato pelo PSD para suceder ao social-democrata Ribau Esteves, presidente que deixa a autarquia por limitação de mandatos.
Para Ponte da Barca (distrito de Viana do Castelo), o PS anunciou ter escolhido como cabeça de lista Vassalo Abreu, que presidiu a este concelho entre 2005 e 2017.
O antigo presidente da Câmara de Pedrógão Grande (Leiria) João Marques é de novo o candidato do PSD àquele município do distrito de Leiria, onde cumpriu quatro mandatos como presidente, entre 1997 e 2013, deixando o cargo devido à lei da limitação de mandatos.
O social-democrata Hélder Sousa e Silva foi presidente da Câmara de Mafra de 2013 a 2024, quando renunciou ao último mandato para assumir o cargo de eurodeputado.
Hélder Sousa e Silva, que liderou os Autarcas Social Democratas, foi escolhido pelo PSD para ser candidato à Câmara de Almada nas eleições deste ano.
O ex-presidente da Câmara de Alcochete, Luís Miguel Franco (CDU), eleito em 2005, 2009 e 2013, fez uma pausa de quatro anos devido à limitação de mandatos, perdeu as autárquicas nesta vila do distrito de Setúbal em 2021 e ficou como vereador.
Luís Franco é de novo candidato a presidente em 2025 pela CDU, mas desta vez à Câmara do Montijo.
João Azevedo, presidente de Mangualde entre 2009 e 2019, quando deixou o mandato a meio para ser deputado, volta a ser candidato do PS à Câmara de Viseu, à qual já se candidatou em 2021, mas perdeu para o social-democrata Fernando Ruas, também ele um autarca de peso, que regressou então à autarquia que liderou entre 1989 e 2013.
O anterior presidente da Câmara de Castelo Branco, José Augusto Alves, não chegou a ser um "dinossauro", uma vez que foi presidente da mesma entre 2020 e 2021 (quando substituiu o socialista Luís Correia, condenado a perda de mandato, após ter assinado dois contratos com uma empresa detida pelo seu pai).
José Augusto Alves, que foi vice-presidente da autarquia albicastrense entre 2017 e 2020, vai agora a eleições encabeçando a lista da coligação Sempre Por Todos, que junta o PSD, o CDS e o Sempre -- Movimento Independente.
Há ainda dois casos de "dinossauros" que regressam "a casa" sem terem deixado de ser presidentes de Câmaras: O presidente da Câmara de Évora, Carlos Pinto de Sá (CDU), está no fim de três mandatos consecutivos neste município, o máximo permitido por lei, e é novamente cabeça de lista da CDU à Câmara de Montemor-o-Novo, que já tinha presidido entre 1993 e 2013.
O outro caso é Vítor Proença, que já não se pode recandidatar a Alcácer do Sal, pelo que nas próximas autárquicas é candidato da CDU à Câmara de Santiago do Cacém, município que já dirigiu entre 2001 e 2013.
Além dos ex-presidentes de Câmaras que querem voltar ao cargo, também há casos de autarcas que tiveram outras responsabilidades municipais e que agora são de novo candidatos: um exemplo é o de Paulo de Morais, que foi vice-presidente da Câmara do Porto, candidato independente às presidenciais de 2016 e é agora o candidato do PSD à Câmara de Viana do Castelo.