O Rei Mohammed VI de Marrocos manifestou gratidão pelo apoio de países como Portugal e Reino Unido à proposta de autonomia marroquina para o Saara Ocidental, sob soberania de Rabat, que descreveu como "única solução" para o conflito.

"O compromisso com uma solução consensual que salvaguarde a dignidade de todas as partes continua a ser a nossa prioridade", enfatizou Mohammed VI no seu discurso televisivo na noite de terça-feira, por ocasião do 26.º aniversário da sua subida ao trono.

Na semana passada, no final de uma reunião em Lisboa com o chefe da diplomacia de Marrocos, Nasser Bourita, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, considerou a proposta marroquina de atribuir maior autonomia ao Saara Ocidental, mas sob a soberania do Rei de Marrocos, a "base mais séria, credível e construtiva" para uma solução para o conflito, que começou na década de 1970.

Segundo Paulo Rangel, a posição de Lisboa, que anunciou ao homólogo marroquino, terá de decorrer "sempre" sob a égide das Nações Unidas "qualquer que seja a solução que venha a ser tomada".

Questionado pela Lusa sobre se, com esta posição, Portugal deixa cair a solução de um referendo, Rangel respondeu que tal não compete a Lisboa expressar.

"Aquilo que nos compete é dizer que esta proposta é construtiva, é séria, é credível, é uma proposta que merece estar em cima da mesa", argumentou.

Argélia rompeu relações diplomáticas com Marrocos em agosto

No seu discurso, Mohammed VI reiterou disponibilidade para dialogar "francamente e de forma responsável" com as autoridades argelinas, com o objetivo de superar as tensões políticas entre os dois países vizinhos.

O monarca realçou que a sua postura em relação ao povo argelino é "clara e constante", considerando-o um "povo irmão" com o qual Marrocos partilha "laços humanos, históricos, linguísticos e religiosos, bem como uma geografia e um destino comuns".

A Argélia rompeu relações diplomáticas com Marrocos em agosto de 2021, no meio de uma rivalidade persistente entre os dois países do Magrebe.

As tensões são particularmente agravadas pela questão do Saara Ocidental, uma vez que Argel alberga a liderança da Frente Polisário, que disputa a soberania marroquina sobre a antiga colónia espanhola.

"Sempre estendi a mão aos nossos irmãos na Argélia e expressei a disponibilidade de Marrocos para se empenhar num diálogo sincero, fraterno e incondicional sobre as questões pendentes entre os dois países", afirmou o Rei marroquino.

Mohamed VI lamentou o atual estado das relações entre Rabat e Argel e reafirmou o seu "firme compromisso" com o princípio da "mão estendida",inspirado, afirmou, pela sua fé na unidade dos povos do Magrebe e na sua capacidade de "superar esta lamentável situação".

O soberano defendeu ainda a reativação do projeto da União do Magrebe Árabe (UMA), que não pode ser concretizado sem o envolvimento de Marrocos e da Argélia, juntamente com os restantes países da região, especificou.