
O chefe da diplomacia portuguesa reconheceu ontem que o acordo comercial alcançado entre Estados Unidos (EUA) e União Europeia será "muito exigente" para a Europa, defendendo a aposta em "mais acordos de livre comércio", nomeadamente com o Mercosul.
O acordo, alcançado no domingo pelo Presidente norte-americano, Donald Trump, e pela presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, "tem uma vantagem, que é a de trazer previsibilidade e estabilidade às relações comerciais, que estavam a inquietar muita gente", considerou hoje Paulo Rangel, em declarações à RTP à margem da conferência de alto nível sobre a solução dos dois Estados -- Israel e Palestina -, a decorrer na sede das Nações Unidas, em Nova Iorque.
O ministro português admitiu que o acordo "vai ser muito exigente para a Europa".
"Obviamente que nós não queríamos de modo algum, como é evidente, que houvesse esta tensão comercial e este resultado final. Este é o resultado possível", referiu.
Os 27 da União Europeia (UE) devem agora, defendeu, "continuar a lutar por mais acordos de livre comércio", dando o exemplo do acordo com o Mercosul, adiantando que Portugal tem instado os parceiros europeus para que este avance.
Sobre as empresas portuguesas, salientou a necessidade de encontrarem "novos mercados" e de o Governo "lhes dar algum apoio".
"Foram ontem [segunda-feira] anunciados largamente pelo Ministério da Economia os programas que estão em curso e até antecipadas algumas medidas", recordou, apontando ainda que deve haver "uma reforma interna portuguesa para baixar os custos de contexto".
O acordo comercial entre a UE e os Estados Unidos, alcançado no domingo, fixa em 15% as tarifas aduaneiras norte-americanas sobre os produtos europeus.
O acordo prevê também o compromisso da UE sobre a compra de energia norte-americana no valor de 750 mil milhões de dólares (cerca de 642 mil milhões de euros) -- visando nomeadamente substituir o gás russo -, o investimento de 600 mil milhões adicionais (514 mil milhões de euros) e um aumento das aquisições de material militar.
Os EUA e os países da UE trocam diariamente cerca de 4,4 mil milhões de euros em bens e serviços.