Num almoço da CDU (Coligação Democrática Unitária - PCP e Partido Ecologista "Os Verdes") com reformados na Casa do Povo do Couço, no concelho Coruche, Paulo Raimundo começou o seu discurso a chamar a atenção para o simbolismo daquela vila do distrito de Santarém e de toda a sua história de luta contra o Estado Novo, onde também anteriores líderes do PCP marcaram presença.

"É um privilégio e uma honra poder estar aqui nesta terra convosco, neste extraordinário almoço, com uma confeção extraordinária, com um serviço exemplar, por gente que aqueles que não estão aqui todos os dias às vezes não conhecem o nome, mas mulheres e homens, alguns com dezenas de anos de prisão, alguns com dezenas de anos de luta, com um empenho extraordinário para que Abril chegasse à vida de todos nós. Obrigado pelo vosso esforço", disse Paulo Raimundo, no final do almoço, enquanto discursava.

O líder comunista recordou que o PCP não vai ao Couço em campanha eleitoral, mas que está ali todos os dias, assim como esteve "durante 48 anos de fascismo", onde homens e mulheres, nas lutas contra o trabalho de sol a sol e contra o Estado Novo, foram presos e torturados.

"Não só não nos esquecemos como não permitimos que se esqueça essa história e essa entrega", sublinhou, referindo que, mesmo não sabendo o que sairá das legislativas e quando serão as próximas, o PCP voltará "outra vez ao Couço" para agradecer àqueles que lutaram.

Apesar disso, Paulo Raimundo vincou que a luta daqueles que o ouviam "ainda não acabou".

"Não abdicamos da vossa coragem para continuarem esta luta", disse, considerando que é preciso "que cada um seja um instrumento de campanha", que "abra o caminho de esperança", que muitos dos que estavam naquele almoço sabiam "tão bem como é que se abre, porque foi esse que foi aberto há 51 anos".

Perante uma plateia composta sobretudo por reformados, Paulo Raimundo criticou "a política da loucura da guerra", vincando que a CDU não troca "armas por pensões e por salários".

O líder do PCP reafirmou a necessidade do aumento de reformas e pensões e acesso à reforma sem penalização depois de 40 anos de descontos, criticando quem alerta para a sustentabilidade da Segurança Social quando se fala dessas melhorias.

"Para quem trabalha a vida inteira nunca há dinheiro. Para os outros, há sempre justificações para encontrar a transferência de valores para os seus cofres", disse.

Paulo Raimundo constatou o que disse ser a incoerência de se falar de "mais tempo, mais horas e mais anos de trabalho", num momento em que a tecnologia "avança a olhos vistos" e que poderão "desaparecer milhares de trabalhos e trabalhadores porque a inteligência artificial vai ocupar esse espaço".

"Há aqui qualquer coisa que não está a bater bem", notou.

Antes do almoço começar, Paulo Raimundo dirigiu-se às cozinheiras que tratavam do almoço, para as cumprimentar.

A uma das mulheres que preparava a comida, perguntou como estava. "Rija, sempre rija", respondeu-lhe.

A última vez que a CDU elegeu em Santarém foi em 2019, círculo eleitoral onde até então conseguiu sempre um deputado em todas as legislativas realizadas no século XXI.

JGA // PC

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