Os presidentes russo e norte-americano vão discutir na sexta-feira, no Alasca, o conflito na Ucrânia e a segurança internacional numa cimeira com início às 11:30 locais (20:30 em Lisboa), anunciou hoje o Kremlin (presidência).

A reunião será seguida de uma conferência de imprensa conjunta de Vladimir Putin e Donald Trump, disse aos jornalistas o conselheiro diplomático do Presidente russo, Yuri Uchakov, citado pelas agências noticiosas russas e internacionais.

"O tema central será a resolução da crise ucraniana (...). Mas, naturalmente, tarefas mais amplas para garantir a paz e a segurança, bem como questões internacionais e regionais atuais e mais urgentes, também serão abordadas", precisou Ushakov.

O conselheiro de Putin disse que os preparativos "entraram na fase decisiva" para a cimeira, o primeiro encontro presencial entre os dois líderes desde o regresso de Trump ao poder em janeiro.

A cimeira, que se realizará na base aérea de Elmendorf, em Anchorage, no estado norte-americano do Alasca, começará com uma reunião "cara a cara" entre Putin e Trump, na presença de intérpretes.

Depois, as negociações continuarão entre as respetivas delegações durante um almoço, na presença de um grupo de especialistas.

"Em seguida, será organizada uma conferência de imprensa conjunta para fazer um balanço", disse Ushakov, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).

A delegação russa será composta pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, Serguei Lavrov, da Defesa, Andrey Belousov, e das Finanças, Anton Siluanov, pelo emissário encarregado das questões económicas internacionais, Kirill Dmitriev, e pelo próprio Uchakov.

De acordo com o conselheiro presidencial russo, não foi estabelecido nenhum prazo para as negociações.

"A delegação regressará à Rússia imediatamente após o fim das discussões", acrescentou.

As expectativas são muito altas para a cimeira, três anos e meio após o início do ataque russo contra a Ucrânia, que se realizará, ao que tudo o indica, sem o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, e sem a presença europeia.

Kiev e os aliados europeus temem que um acordo seja alcançado nas costas da Ucrânia e, nos últimos dias, têm multiplicado os apelos para reforçar a pressão sobre Moscovo.

Zelensky e vários líderes europeus, incluindo da União Europeia, reuniram-se na quarta-feira por videoconferência com Trump e o vice-presidente JD Vance para tentar fazer valer as posições ucraniana e europeia sobre o conflito.

Trump disse que quer "testar o terreno" no Alasca com Putin e admitiu, na quarta-feira, haver duas possibilidades, segundo a AFP.

Se a conversa correr bem, levará "quase imediatamente" a uma reunião entre Putin, Trump e Zelensky para pôr fim à guerra desencadeada em fevereiro de 2022 pela invasão russa.

Mas se a sua primeira reunião presencial com Putin desde 2019 correr mal, Trump garantiu que não haverá uma "segunda reunião" para acabar com o conflito mais sangrento na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Reagindo a comentários da imprensa que apresentavam a realização da cimeira como uma vitória diplomática para Putin, Trump ameaçou Moscovo com "consequências muito graves" se não aceitar pôr fim à guerra, sem especificar quais.

A cimeira do Alasca vai realizar-se também numa altura em que a Rússia tem intensificado as operações militares na Ucrânia, com avanços significativos no leste do país.

Putin exige a Kiev que reconheça a anexação das regiões ucranianas da Crimeia, em 2014, e de Donetsk, Lugansk, Zaporijia e Kherson, em 2022, bem como desista de pretender aderir à NATO.

Zelensky tem recusado tais exigências e insistido num cessar-fogo como condição prévia para eventuais negociações sobre o fim do conflito.