
A bombeira no quadro de reserva suspeita de dois crimes de incêndio em Pedrógão Grande ficou em prisão preventiva, avança a PSP em comunicado. A mulher de 44 anos estava em domiciliária desde o ano passado, mas por incumprimento da lei fica, agora, detida até ao fim do julgamento.
A mulher terá ateado os fogos na tarde de 2 de junho de 2024. Ao coletivo de juízes, a detida disse que fez uma caminhada e "por distração" tocou com a ponta do cigarro nos fetos, que começaram a arder.
"Tentei apagar com os pés e não consegui. Liguei para o 117 de imediato. Não foi de propósito. Foi descuido", sublinhou.
O incêndio colocou "em perigo a zona florestal circundante, habitações, um parque de campismo, bem como, a integridade física dos habitantes", diz a nota da PSP.
A bombeira começou a ser julgada em junho no tribunal de Leiria e está agora na prisão de Tires, onde aguarda o fim do julgamento.
O que alega o Ministério Público?
Segundo o despacho do MP, na tarde de 2 de junho de 2024, a mulher saiu de casa e na caminhada habitual em direção à zona de Vale de Góis entrou num caminho florestal, onde, após ter fumado um cigarro, arremessou a sua ponta acesa para o chão, que "se encontrava densamente povoado de mato e feno", provocando um foco de incêndio.
O fogo propagou-se e ardeu uma área florestal de cerca de 200 metros quadrados, de acordo com o Ministério Público.Seguindo depois o seu trajeto para Vale de Góis, a arguida, cerca de dois minutos mais tarde, acendeu outro cigarro e "colocou-o, aceso, no chão, em cima de denso mato e feno", o que originou novo foco de incêndio, "tendo ardido uma área florestal de cerca de 4.500 metros quadrados".
A bombeira abandonou o local e, através do seu telemóvel, deu o alerta para a Linha SOS Incêndios (n.º 117) e iniciou o percurso de regresso a casa, relatou o MP.
"A área onde os incêndios deflagraram insere-se em zona florestal composta de eucaliptos, sobreiros, carvalhos, pinheiro-bravo e mato, tudo numa mancha contínua horizontal de combustível vegetal, com centenas de hectares, contígua ao parque de campismo de Pedrógão Grande", onde estavam 22 pessoas.
Os incêndios foram combatidos por 57 operacionais, apoiados por 16 viaturas e três meios aéreos, e, "não fora a pronta mobilização e intervenção" destes meios, os fogos "ter-se-iam propagado" à mancha florestal envolvente, ao parque de campismo e à residência onde vive a arguida.