Donald Trump prepara-se para receber o maior presente estrangeiro já recebido pelo Governo dos EUA: um luxuoso avião Boeing 747-800, que será doado pela família real do Catar, para servir como Força Aérea Um (a aeronave que nos Estados Unidos transporta o Presidente). A notícia é avançada pelo jornal “The New York Times”, que consultou fontes próximas à Casa Branca.

O plano em causa prevê que o avião seja doado à biblioteca presidencial do Presidente Trump, após o fim do seu mandato, o que lhe permitirá usá-lo já fora da Presidência.

Como observa o “New York Times”, a doação nestes moldes levanta questões éticas. Um Boeing 747-800 comercial custa cerca de 400 milhões de dólares (cerca de 356 milhões de euros). Atualmente, o avião privado de Donald Trump é o 757, uma aeronave mais antiga que voa desde a década de 1990.

O avião doado pelo Catar deverá ser, numa primeira fase, adaptado por uma empresa militar — L3Harris, no Texas —, podendo os trabalhos começar assim que o governo aprove a forma de aquisição. Se assim for, o avião poderá estar equipado com capacidades militares até ao final do ano, o que possibilitará a Trump que o utilize enquanto estiver no cargo.

A administração Trump deverá anunciar nos próximos dias que Donald Trump aceita a doação, informou a “ABC News”. Será por ocasião da viagem do Presidente dos EUA a três países do Médio Oriente, incluindo o Catar.

Trump já tinha manifestado o desejo de obter um novo Air Force One, no contexto de repetidos atrasos de um contrato governamental com a Boeing para fornecimento de duas aeronaves. Também já tinha visitado o modelo 747, do Catar, com pouco mais de 10 anos, quando se encontrava estacionado no Aeroporto Internacional de Palm Beach, em fevereiro.

Ouvido pelo “New York Times”, um funcionário do Departamento de Defesa ressalvou que a Força Aérea ainda não chegou a nenhum acordo para um contrato para renovar o 747 do Catar (para efeito de atualizações de segurança e modificações necessárias para um Força Aérea Um), e a Força Aérea norte-americana não pode fazê-lo legalmente até que realmente assuma a propriedade do avião. A mesma fonte conclui, assim, que o contrato, as atualizações e modificações levarão algum tempo. “Estamos a falar de anos, e não de meses”, afirmou aquele funcionário do Departamento de Defesa, que falou sob condição de anonimato.

O modelo que o Governo está a utilizar para contornar as questões éticas levantadas pela doação é o seguido pela biblioteca presidencial do Presidente Ronald Reagan, que também recebeu o Air Force One em que voou depois de se ter reformado. Porém, Reagan não utilizava o avião para voar, mas como instalação na parte do museu da sua biblioteca.

O plano da administração Trump foi aprovado pela equipa jurídica do Governo, que concluiu que não viola a cláusula de emolumentos da Constituição e que o Departamento de Defesa pode aceitar o presente.