"Basicamente, ele [o Presidente das ilhas Comores] veio para perceber como é que Moçambique está a enfrentar a covid-19 e a situação do terrorismo", declarou o chefe de Estado moçambicano, momentos após a reunião com o seu homólogo em Maputo.

O norte de Moçambique, afetado pelo terrorismo, partilha o oceano Índico com as ilhas Comores e a relação entre os dois Estados já foi apontada por especialistas e estudiosos como importante para a proteção do canal de Moçambique.

Segundo Filipe Nyusi, no encontro entre os chefes de Estado dos dois países, chegou-se à conclusão de que é necessário a criação de grupos de trabalho para que se desenhem instrumentos de cooperação, com o destaque para economia e transportes, tendo em conta a proximidade dos dois territórios.

Para o Presidente das Comores, a proximidade faz com que "o problema de um seja também um problema para outro", sendo importante a cooperação.

"Nós temos uma cooperação ao nível das instituições africanas, como é a União Africana e a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), mas é ao nível bilateral que os dois países podem resolver os seus problemas, porque os problemas de um são os problemas do outro", frisou Azali Assoumani.

O arquipélago das Comores, no oceano Índico, é composto por quatro ilhas: Grande-Comore, Anjouan, Mohéli e Maiote.

A independência das Comores foi decretada em 1975, mas a ilha de Maiote manteve-se sob administração francesa.

Moçambique enfrenta uma insurgência armada desde 2017 na província de Cabo Delgado, no Norte do país, sendo alguns ataques reivindicados pelo grupo radical Estado Islâmico.

A violência armada provocou até agora mais de 3.100 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED, e está na origem de mais de 817 mil deslocados, segundo as autoridades moçambicanas.

Moçambique conta agora com o apoio da SADC, num mandato de uma força conjunta em estado de alerta aprovado em 23 de junho, numa cimeira extraordinária da organização em Maputo, que debateu a violência armada naquela província, havendo militares de alguns países-membros já no terreno.

Não é publicamente conhecido o número de militares que a organização vai enviar a Moçambique, mas peritos da SADC, que estiveram em Cabo Delgado já tinham avançado em abril que a missão deve ser composta por cerca de três mil soldados.

Além da SADC, as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique contam, desde o início de julho, com o apoio de mil militares e polícias do Ruanda para a luta contra os grupos armados, no quadro de um acordo bilateral entre o Governo moçambicano e as autoridades de Kigali.

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