
O desafio foi lançado pelas Nações Unidas com a entrega antecipada e simbólica de um troféu com o nome do chefe de Estado e a inscrição e o título de campeão da luta contra a mortalidade materno-infantil na África Ocidental e Central.
A entrega foi feita pelo diretor regional do Fundo para a População das Nações Unidas (FNUAP) para a África Ocidental e Central, Sennen H. Hounton, no dia em que decorre, em Bissau, a Conferência de alto nível sobre o tema "Parceria Reforçada e Alargada essencial para a Resolução da Mortalidade Materno-Infantil".
A conferência é uma iniciativa presidencial para mostrar que o Governo guineense "decidiu considerar a mortalidade materno-infantil como uma das suas exigências e prioridades".
O chefe de Estado presidiu à abertura e gostou de saber que a Guiné-Bissau, que apresenta das mais elevadas taxas do mundo, conseguiu "reduzir a mortalidade materna de 746 para 548 mortes por 100 mil nados vivos, entre 2018 e 2022".
Embaló salientou que "estes progressos ainda são insuficientes e estão a acontecer a um ritmo muito mais lento" do que o desejado para alcançar a meta mundial de 70 por cada 100 mil nascimentos, até 2030, dentro de cinco anos.
O chefe de Estado garantiu que o Governo guineense já começou a trabalhar várias ações para esse fim, nomeadamente nas áreas da qualificação de recursos humanos da saúde e do acesso à população.
Para a representante do Sistema das Nações Unidas na Guiné-Bissau, Geneviéve Boutin, a mortalidade materno-infantil "representa um dos desafios mais urgentes" do país.
Segundo disse, a taxa de mortalidade materna é alta e a taxa de mortalidade infantil "também é preocupante, com aproximadamente 42 mortes por mil nascidos vivos".
A representante das Nações Unidas reconheceu que há avanços no sistema de assistência às mulheres e crianças com os programas em parceria, nomeadamente entre o Governo guineense e as Nações Unidas e a União Europeia.
Insistiu ainda para que os investimentos não sejam feitos apenas nas capitais, mas em todo o país.
O programa Integrado para a redução da Mortalidade Materno-Infantil (PIMI) da União Europeia apresentou, em 2024, como resultados de uma década de trabalho a redução das taxas para menos de metade.
O embaixador da União Europeia na Guiné-Bissau, Artius Bertulis, disse hoje que a mortalidade materno-infantil "continua a ser um dos desafios mais urgentes e dolorosos" e "o combate é por isso uma prioridade".
O embaixador lembrou que o programa PIMI, lançado em 2013, está na terceira fase e que "os resultados falam por si".
Segundo descreveu, através de 137 estruturas de saúde do país foi melhorado o acesso e cuidados e foi criada uma cadeia de abastecimento de medicamentos essenciais, com mais de mil instituições em todo o território nacional.
O programa contribui também para a capacitação de recursos humanos e instalou a primeira plataforma de telemedicina dedicada a esta área, no Hospital Militar Principal, em Bissau.
"Porém os desafios permanecem e a coordenação entre atores deve ser reforçada. O financiamento nacional da Saúde deve aumentar em linha com os recursos internacionais", defendeu.
O embaixador da União Europeia alertou ainda para que não sejam ignoradas "as práticas nefastas que continuam a afetar as mulheres e meninas, que comprometem a saúde materna e os direitos fundamentais", nomeadamente a mutilação genital feminina.
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