"Nós fazemos um balanço extremamente positivo do trabalho que fizemos. Estamos a criar bases, já não se fala só da Amazónia. Miombo já entrou no mapa", afirmou Filipe Nyusi, que esteve esta semana em Washington, ao fazer o balanço da visita aos jornalistas.

"Sem deixar intervalo. Agora é só seguir e seguir. Foi um tempo de trabalho bastante produtivo e, como disse, Miombo já é assunto e apela a todos nós para continuarmos a proteger a natureza", sublinhou.

Nyusi encerrou na quarta-feira a Conferência Internacional sobre o Maneio Sustentável e Integrado da Floresta do Miombo, que decorreu durante dois dias, em Washington, na qual os 11 países da África austral que integram a Floresta do Miombo adotaram a Carta de Compromisso para defesa da área, a qual prevê um fundo a sediar em Moçambique.

A Floresta de Miombo cobre dois milhões de quilómetros quadrados e garante a subsistência de mais de 300 milhões de habitantes, constituindo o maior ecossistema de florestas tropicais secas do mundo, enfrentando também problemas de desflorestação.

O chefe de Estado avançou que, no âmbito de conservação ambiental, Moçambique "já mapeou 64 projetos de redução de emissões" e pretende "que o setor privado participe ativamente no desenvolvimento de projetos de carbono em floresta, agricultura e outros usos de terra, energia, indústria e gestão de resíduos".

Filipe Nyusi destacou hoje que Moçambique está "interessado em vender" a experiência nos projetos de mercado de carbono, recordando que foi o primeiro o país, em 2021, a receber pagamentos baseados na redução de emissões por desmatamento e degradação florestal, no caso 6,4 milhões de dólares (6,01 milhões de euros) por reduzir 1,28 milhão de toneladas de emissões de carbono.

"Nós somos os primeiros no mundo que conseguimos. (...) Então, vender significa ir para Tanzânia, para o Malaui, para Angola. E dizer que a nossa experiência foi assim", afirmou.

O Governo moçambicano espera mobilizar, após a conferência, investimentos para proteger a Floresta do Miombo estimados no plano de ação em 550 milhões de dólares (518 milhões de euros), dos quais 154 milhões de dólares (144,5 milhões de euros)foram garantidos desde 2022.

Políticos e especialistas africanos e dos EUA debateram a sustentabilidade da Floresta do Miombo na conferência organizada por Moçambique, no quadro da aplicação das metas sobre mudanças climáticas, conservação da biodiversidade e desenvolvimento sustentável.

A conferência, organizada ainda pelo International Conservation Caucus Foundation e pela Wildlife Conservation Society, resultou da iniciativa do Presidente moçambicano, que, em agosto de 2022, reuniu os líderes de outros dez países na "Declaração de Maputo sobre a Floresta de Miombo", para promover uma abordagem comum na "Gestão Sustentável e Integrada das Florestas do Miombo e a Proteção da Bacia do Grande Zambeze", maior bacia transacional da região.

Em Moçambique, as florestas cobrem quase metade do país, numa área de 34,2 milhões de hectares, dos quais 22,9 milhões de hectares de miombo, habitat de espécies animais ameaçadas e responsável pelo sequestro de carbono ou práticas de medicina tradicional.

Palavra suaíli para 'brachystegia', miombo é um género de árvore que inclui um grande número de espécies e uma formação florestal que compõe o maior ecossistema florestal tropical em África, sendo fonte de água, alimento, abrigo, madeira, geração de eletricidade e turismo.

A população crescente e o consequente aumento da procura por terras agrícolas, combinados com o uso insustentável e extração excessiva de recursos naturais em partes das florestas de Miombo, e os impactos das alterações climáticas, constituem, contudo, uma ameaça.

PVJ // JMC

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