
Mais experiente, mais competente, um líder mais forte. Luís Montenegro é mais bem-visto, pela maioria dos eleitores inquiridos, do que o adversário Pedro Nuno Santos. É isso que indica a sondagem do ICS/ISCTE para a SIC/Expresso. A polémica que resultou na queda do Governo não afetou a imagem do primeiro-ministro junto da maioria.
Apenas na frontalidade Pedro Nuno Santos leva a melhor sobre Luís Montenegro, e mesmo assim por uma vantagem mínima. Em todos os outros campos, da ponderação à honestidade, passando pela preocupação com as pessoas, o líder da AD ganha ao secretário-geral do PS.
Em relação a quem tem mais experiência, Luís Montenegro (que é a escolha de 47% dos inquiridos) consegue mais do dobro das respostas de Pedro Nuno Santos (apenas 22%).
O líder social-democrata é considerado um líder mais forte por 42% dos inquiridos, enquanto o líder socialista o é apenas para 25%. Montenegro vence Pedro Nuno Santos também no que toca à ponderação (com 41% contra 25%) e à simpatia (39% contra 28%).
Só quando é perguntado qual dois “diz mais aquilo que pensa”, Pedro Nuno Santos aparece à frente de Luís Montenegro, mas, mesmo assim, numa situação de empate técnico: 31% escolhem o secretário-geral do PS, enquanto 30% apontam o líder da AD e outros 30% respondem que nenhum dos dois satisfaz nesta área.
Em relação a quem é mais competente, Montenegro continua a ser o preferido (com 35%). A segunda resposta mais dada é “nenhum” (por 30%). O nome de Pedro Nuno Santos é só a terceira hipótese mais respondida (pela qual optaram apenas 23%).
Há, no entanto, dois campos em que nenhum dos dois líderes políticos convence mesmo a maior parte dos inquiridos. Um deles é a honestidade: 40% consideram que nenhum dos dois é honesto, 27% acreditam que Luís Montenegro é o mais honesto e 23% acham que é Pedro Nuno Santos.
O outro indicador em que ficam ambos para trás é na preocupação com as pessoas: 39% dos inquiridos dizem que nenhum dos dois está preocupado com a população, enquanto 27% afirmam que o líder da AD é o mais preocupado, e outros 25% defendem que é o secretário-geral socialista.
Mais de metade mantém opinião sobre Montenegro
Com as controvérsias que atingiram o primeiro-ministro e que levaram à queda do Governo, a imagem de Luís Montenegro pode ter saído beliscada para muitos, mas não para a maioria.
Mais de metade dos inquiridos (55%) declaram que a opinião que têm a respeito de Montenegro “ficou na mesma”. Há depois 40% que ficaram com pior opinião do primeiro-ministro. Apenas 3% dizem ter ficado com melhor opinião do também líder da AD.
Questionados sobre se as recentes polémicas influenciaram a forma como vão votar nas eleições legislativas que aí vêm, a maioria responde que não. Houve 47% dos inquiridos a dizer que as controvérsias não afetaram em “nada” a decisão, 30% diz que afetaram “pouco” e 20% respondem que afetaram “muito”.
Só Marcelo e Montenegro têm nota positiva
A sondagem avaliou também a atuação recente dos vários protagonistas políticos do panorama nacional e só o Presidente da República e o primeiro-ministro saem com nota positiva.
Numa escala de 0 a 10, em que 0 corresponde a uma avaliação “muito negativa” e 10 “muito positiva”, Marcelo Rebelo de Sousa obtém um 6. Apesar da polémica da Spinumviva e da queda do governo, Luís Montenegro consegue uma nota de 5,3.
Já em território negativo aparece o líder da oposição, Pedro Nuno Santos, com 4,9.
Seguem-se Rui Tavares, líder do Livre (com 4,3), Rui Rocha, presidente da Iniciativa Liberal (com 4,2) e Nuno Melo, presidente do CDS (com 4).
A porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, e a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, surgem empatadas, com uma nota de 3,6.
No fundo da tabela estão o presidente do Chega, André Ventura (com 3,4 pontos), e o secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo (com 3,3).
Ficha técnica:
Este relatório baseia-se numa sondagem cujo trabalho de campo decorreu entre os dias 5 e 14 de abril de 2025. Foi coordenada por uma equipa do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS-ULisboa) e do Iscte – Instituto Universitário de Lisboa (Iscte-IUL), tendo o trabalho de campo sido realizado pela GfK Metris. O universo da sondagem é constituído pelos indivíduos de ambos os sexos com idade igual ou superior a 18 anos e capacidade eleitoral ativa, residentes em Portugal Continental. Os respondentes foram selecionados através do método de quotas, com base numa matriz que cruza as variáveis Sexo, Idade (4 grupos), Instrução (3 grupos), Região (7 Regiões NUTS II) e Habitat/Dimensão dos agregados populacionais (5 grupos). A partir de uma matriz inicial de Região e Habitat, foram selecionados aleatoriamente 93 pontos de amostragem, onde foram realizadas as entrevistas de acordo com as quotas acima referidas.
A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal na residência dos inquiridos, em sistema CAPI, e a intenção de voto nas eleições legislativas recolhida através de simulação de voto em urna. Foram contactados 2815 lares elegíveis (com membros do agregado pertencentes ao universo) e obtidas 803 entrevistas válidas (taxa de resposta de 29%, taxa de cooperação de 44%). O trabalho de campo foi realizado por 35 entrevistadores, que receberam formação adequada às especificidades do estudo. Todos os resultados foram sujeitos a ponderação por pós-estratificação de acordo com a frequência de prática religiosa e a pertença a sindicatos ou associações profissionais dos cidadãos portugueses com 18 ou mais anos residentes em Portugal continental, a partir dos dados da vaga mais recente do European Social Survey (Ronda 11). A margem de erro máxima associada a uma amostra aleatória simples de 803 inquiridos é de +- 3,5%, com um nível de confiança de 95%.