
A Autoridade Palestiniana condenou hoje a aprovação de Israel da construção de 3.400 habitações na Cisjordânia ocupada, afirmando que a medida "fragmenta a unidade" do território, que o transforma numa "verdadeira prisão".
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Palestiniana "condenou com toda a veemência" a decisão israelita de realizar este projeto, que "compromete as perspetivas de implementação da solução de dois Estados (...) ao fragmentar a unidade geográfica e demográfica do Estado palestiniano", de acordo com um comunicado.
"Isto reforça a divisão da Cisjordânia ocupada em áreas e cantões isolados, geograficamente desconectados e que se assemelham a verdadeiras prisões, onde a circulação entre eles só é possível através de postos de controlo da ocupação, no meio do terror das milícias de colonos armados espalhados por toda a Cisjordânia", acrescentou a mesma nota.
Já a ministra dos Negócios Estrangeiros palestiniana, Varsen Aghabekian, apelou também para uma intervenção internacional e sanções a Israel.
"É necessária uma verdadeira intervenção internacional e a imposição de sanções contra a ocupação para obrigar [Israel] a deixar de executar os planos e a respeitar o consenso internacional sobre a solução da questão palestiniana", indicou num comunicado divulgado pela agência de notícias palestiniana Wafa.
No texto, Aghabekian acusou a comunidade internacional de complacência e considerou inúteis as declarações e expressões de repúdio sem ação, uma vez que os colonatos judaicos em território palestiniano são ilegais à luz do direito internacional.
"As meras declarações de condenação e denúncia são inúteis neste caso e não protegem a solução de dois Estados, especialmente à luz da ostentação pública oficial de Israel de atacar o Estado palestiniano e trabalhar para impedir a oportunidade de o implementar", acrescentou.
A construção de colonatos na zona "E1", em Jerusalém Oriental, está congelada há mais de duas décadas devido à pressão internacional e norte-americana.
A localização é estratégica porque esta zona liga as principais cidades palestinianas de Ramallah, no norte da Cisjordânia, a Belém, no sul.
Em comunicado, o ministro das Finanças e colono israelita, Bezalel Smotrich (extrema-direita), confirmou a decisão da Administração Civil israelita, dizendo que "apaga na prática a ilusão de 'dois Estados' e vai consolidar o controlo do povo judeu sobre o coração da Terra de Israel".
"O Estado palestiniano está a ser apagado da mesa não com 'slogans', mas com ações. Cada assentamento, cada bairro, cada casa é um novo prego no caixão dessa ideia perigosa", disse Smotrich, um dos principais promotores da colonização dos territórios palestinos ocupados.
Com esta decisão, a Administração Civil - o órgão do Governo israelita que administra a Cisjordânia - aprova a construção de 3.410 casas numa zona de 1.200 hectares a leste de Jerusalém habitada por várias comunidades beduínas palestinianas.