
A Polícia Judiciária (PJ) deteve este sábado, em Lisboa, mais um suspeito de estar envolvido na operação 'Nexus', que envolve crimes de corrupção passiva, participação económica em negócio, recebimento indevido de vantagem, falsificação de documento e abuso de poder.
Em comunicado, a PJ indica que detenção ocorreu no Aeroporto Humberto Delgado, à chegada do suspeito a Portugal.
A SIC apurou com fonte do Banco de Portugal que se trata de um cargo intermédio/baixo do banco central da República Portuguesa.
O detido vai ser presente a primeiro interrogatório judicial, no Tribunal de Instrução Criminal do Porto, é adiantado na mesma nota.
Na terça-feira, já tinham sido detidas seis pessoas, no âmbito desta operação, por suspeita de corrupção e fraude na aquisição de sistemas informáticos por universidades e escolas públicas, financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
A operação foi a primeira a ser dirigida em Portugal pela Procuradoria Europeia, em coordenação com o Departamento de Investigação e Ação Penal Regional do Porto, segundo a PJ.
Os detidos na terça-feira são um administrador e três funcionários de uma empresa tecnológica, um funcionário de uma empresa concessionária e um funcionário público.
Os arguidos são suspeitos de terem integrado um "esquema criminoso, de caráter organizado e sistémico, para obtenção ilegal de informação privilegiada em procedimentos de contratação pública e privada, através de entrega de vantagens patrimoniais e não patrimoniais a funcionários das entidades contratantes", subvertendo as regras do mercado e a boa administração de fundos.
"No esquema participariam ainda os produtores/importadores dos produtos e soluções informáticas, com significativo peso no mercado, potenciando as margens de lucro em toda a cadeia de fornecimento", de acordo com a PJ.
Em causa estão adjudicações de, pelo menos, 20 milhões de euros, tendo sido arrestados, através do Gabinete de Recuperação de Ativos - Norte da PJ, 4,6 milhões para assegurar a cobertura dos danos estimados.
O processo foi aberto após participação às autoridades de "graves irregularidades em procedimentos aquisitivos públicos de material informático e de cibersegurança, por parte de uma instituição de ensino superior público do Norte, no âmbito de projetos financiados pelo PRR", referiu a PJ.
A força policial não precisou qual é a instituição em causa, mas, em comunicado remetido à Lusa, a Universidade do Porto confirmou ter sido alvo de buscas num processo de cartelização por aquisição de material informático, do qual "estaria a ser vítima".
De acordo com a Procuradoria Europeia, os contratos sob suspeita têm como adjudicatários "um grupo empresarial nacional, e empresas com ele relacionadas, que se dedica à importação, exportação, promoção e comercialização de 'hardware' [peças] e 'software' [programas] informáticos".
No total, foram realizadas na terça-feira, no âmbito da operação 'Nexus', 103 buscas domiciliárias e não domiciliárias, nas quais participaram cerca de 300 inspetores e peritos da instituição.