O procurador-geral da República (PGR), Amadeu Guerra, define como uma das prioridades para o mandato o combate à criminalidade económico-financeira e revelou que pretende constituir equipas de magistrados dedicadas à recuperação de ativos.

"Já pedi que me fosse feita uma abordagem da criação de grupos de magistrados no DCIAP [Departamento Central de Investigação e Ação Penal] e em cada DIA P [Departamento de Investigação e Ação Penal] regional que façam a recuperação de ativos", adiantou.

Estas equipas, salientou o novo PGR, dedicar-se-iam "quase exclusivamente" a esta área e contariam com "a ajuda do GRA [Gabinete de Recuperação de Ativos] da Polícia Judiciária (PJ)" na investigação dos casos.

Segundo Amadeu Guerra, o objetivo destes grupos de magistrados é que "façam rapidamente a investigação dos bens existentes relativamente às pessoas que praticaram crimes e, depois, a apreensão dos bens em tempo oportuno".

"Estou à espera que esse quadro seja feito porque há necessidade de formação específica para os magistrados nessas áreas", frisou, aos jornalistas, o PGR, após a tomada de posse do Procurador-Geral Regional de Évora, José Carlos Laia Franco.

Equipas multidisciplinares

O procurador-geral da República indicou que também quer "ter equipas multidisciplinares" formadas por magistrados do Ministério Público e elementos da PJ para, por exemplo, investigarem casos com vertentes criminal e administrativa.

"Cada um trabalha na sua especialidade, de forma a chegarmos a resultados muito mais depressa, porque o que nos importa agora é a celebridade", explicou.

Além da criminalidade económico-financeira, enumerou Amadeu Guerra, estão entre as suas prioridades o combate aos crimes de violência doméstica, nomeadamente com homicídio, terrorismo e crime violento.

"Mas isso não significa que não sejam cumpridos os objetivos fixados na lei relativamente às prioridades de investigação", acautelou.

Caso Influencer? “Não sei se vai haver novidades brevemente”

Questionado pelos jornalistas sobre o caso 'Influencer', que levou à demissão do ex-primeiro-ministro António Costa, o procurador-geral da República escusou-se a falar de processos concretos, limitando-se a dizer que já o consultou.

“Já me inteirei, já vi o processo de acompanhamento que está na Procuradoria-Geral. Já li. Não sei se vai haver novidades brevemente”, declarou. “Sobre processo concretos, não falo. Portanto, não posso dizer absolutamente nada”, acrescentou.

Amadeu Guerra disse ainda ter-se reunido, na última semana, com o diretor do DCIAP, durante a qual foi feito um balanço dos casos, assinalando que pediu "mais alguns elementos relativamente à situação dos processos".

"Eu reunirei com todos, sempre que seja necessário, com os coordenadores de comarca, procuradores-gerais regionais", pois o cargo de PGR implica "um trabalho de diálogo importante", acrescentou.

O recém-empossado PGR sucedeu no passado dia 12 a Lucília Gago.