O secretário-geral do PS afirma-se "muito satisfeito" com a vitória da esquerda em França mas recusa em absoluto importar para Portugal a ideia de uma coligação pré eleitoral do PS com os partidos à sua esquerda.

"Não há frente de esquerda nenhuma", disse, falando com jornalistas em Vila de Rei (Castelo Branco), no âmbito das primeiras jornadas parlamentares do PS nesta legislatura (e as suas primeiras como líder do partido).

Recordado que o PS nunca conseguiu vencer em legislativas uma coligação entre o PSD e o CDS - desde a Aliança Democrática de 1979 à Aliança Democrática de 2022, passando pela PàF [Portugal à Frente] de 2015 -, o secretário-geral do PS disse que a democracia implica "coisas a acontecer pela primeira vez": "O PS derrotará a AD", assegurou, depois de exemplicar a 'geringonça' (Governo do PS apoiado pelo BE, PCP e PEV, de 2015 a 2019) como uma dessas "coisas novas" que acontecem "pela primeira vez".

Ainda sobre as eleições francesas, salientou dois dados no seu entender "muito importantes": por um lado, "é falsa" a ideia de há uma viragem generalizada à direita na Europa (comprovando França e o Reino Unido o contrário disso); por outro lado, é também falsa a ideia de que a juventude vota à direita (está comprovado que em França grande parte do resultado da Nova Frente Popular assenta em eleitorado jovem).

Já sobre a realidade nacional, Pedro Nuno Santos procurou sacudir vigorosamente a "pressão" que no seu entender está a ser feita sobre o PS para que fique do seu lado a responsabilidade da viabilização ou não do próximo Orçamento do Estado (OE2025).

Segundo disse, a responsabilidade de "garantir condições para Orçamento passar" pertence ao Governo. E este deve entender-se com "os dois partidos com quem tem maior proximidade", o Chega e a Iniciativa Liberal, nomeadamente porque estes, segundo disse ainda, concordam no essencial com as propostas do Executivo sobre diminuição do IRC e do IRS Jovem.

"Não se pode pedir ao PS que vote a favor de matérias com as quais discorda" e "quem tem de apresentar OE e garantir condições para a sua viabilização é o Governo e não o PS", afirmou, algo irritado.

Ainda sobre a ameaça de Montenegro esta tarde de se "ir embora" caso tenha de "fazer o contrário" do que prometeu, Pedro Nuno considerou que "se o primeiro-ministro tem essa atitude, nós estamos mal". E avisou que não se pode “exigir ao PS que esteja a votar a favor de matérias com as quais discorda profundamente", e isto ainda para mais quando, segundo acusa, o primeiro-ministro demonstra "nenhuma vontade de ceder" e de "cumprir a vontade já determinada no Parlamento" (por exemplo na diminuição do IRS ainda este ano).