Paulo Pascoal tem uma história de vida que dava um filme, ou uma série de sucesso mundial, feita de muitas glórias, desafios e sombras. Um livro já deu, já que acaba de publicar pela editora Sistema Solar a obra autobiográfica “X 4 PRXTX”, com o diário que escreveu aos 18 anos quando se mudou para Nova Iorque com a mãe e o padrasto.
No seu livro, Paulo conta de forma generosa e livre a experiência desse ano vertiginoso na cidade que não dorme, onde nascem e morrem os sonhos.
Foi o ano da descoberta do corpo, da sexualidade, a voragem da metrópole e de um adolescente que vivia a lei do desejo e que começara a dar os primeiros passos na moda e na música na “Big Apple”, depois de uma fase de repressão e clausura num colégio de padres em Espanha.
Mas isto é só um breve “teaser” da vida de Paulo, cheia de incríveis capítulos. Como o facto de, mais tarde, ter sido uma estrela pop da música angolana. Uma carreira interrompida de forma abrupta por um incidente em palco e acima de tudo pelo acidente do preconceito sobre artistas queer. O episódio, e seu impacto, é contado por Paulo Pascoal nesta primeira parte. Mas já lá vamos.
Paulo conta que se considera um sonhador, sonha muito, acredita que é necessário sermos capazes de nos re-imaginarmos para além dos nossos condicionamentos. Que, às vezes, é necessária a ficção para aliviarmos as fricções da vida.
E que mais? Paulo usa o mesmo perfume há 25 anos, “The Dreamer” de Versace. É de rotinas. E é das manhãs. Levanta-se sempre com o nascer do sol, dorme com a janela aberta, medita, alonga e sai para tomar café num jardim, faça chuva ou faça sol.
Vai ao ginásio todos os dias para garantir a sua longevidade. E muda de perucas para reganhar anonimato. “Hoje em dia não existo sem a peruca, tenho muitas perucas, mais do que devia.”
O seu currículo é extenso, enquanto artista multidisciplinar, e passa pela música, o teatro, o cinema e a televisão. Na televisão fez parte dos elencos de séries como “Morangos com Açúcar” (2004), “Voo Direto” (2010), “Depois do Adeus (2012)”, “Coração d’Ouro” (2016), “Lua de Mel” (2022), “Lusitânia” (2023) entre outras.
No cinema foi protagonista dos filmes “Corpo Fechado” de Carlos Motta, “Beco do Imaginário” de Romano Cassellis, “A Viagem do Rei” de João Pedro Moreira, “Pele Escura” de Graça Castanheira, “Fado Menor” de Salvador Gutiérrez entre outros. Em teatro trabalhou para produções de Cão Solteiro, Nova Companhia, Rabbit Hole e mais regularmente com Teatro Praga.
É atualmente co-apresentador no programa semanal Avenida Marginal da RDP África, faz parte da equipa curatorial da nova exposição de Julianknxx no CAM (centro de arte moderna) da Gulbenkian - que inaugurará em Fevereiro de 2025. E, nesta mesma semana, nos dias 23 e 24 de novembro, integra a performance “Deveríamos estar a sonhar” com Sonya Lindfors e Maryan Abdulkarim no Festival Alkantara.
A primeira pergunta lançada situa-nos no espaço e no tempo: Se a sua vida desse uma série, ou um filme, começaria por que capítulo, ou por que cena?
Como sabem, o genérico é assinado por Márcia e conta com a colaboração de Tomara. Os retratos são da autoria de José Fernandes. E a sonoplastia deste podcast é de João Ribeiro.
A segunda parte deste episódio será lançada na manhã deste sábado. Boas escutas!