A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (UNESCO) inscreveu hoje o Parque Nacional de Maputo na lista do Património Mundial da humanidade.

A inscrição foi adotada esta manhã durante a 47.ª reunião da organização, que decorre em Paris, com a UNESCO destacar que o Parque Nacional de Maputo "inclui ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos, e abriga quase 5.000 espécies. O local complementa os valores de conservação de iSimangaliso [parque contíguo da África do Sul], aprimorando a proteção da biodiversidade em todo ecossistema da região de Maputo".

Acrescenta-se que o local apresenta "habitats diversos, incluindo lagos, lagoas, mangais e recifes de corais", incluindo longas praias, dunas, pântanos, extensas zonas húmidas, diversas ervas, fornecendo um habitat para uma gama de espécies marinhas da África do Sul, destacando-se igualmente a sua conservação de longa data.

O Parque de Maputo está ligado ao parque das Zonas Húmidas iSimangaliso, na África do Sul, que já tem estatuto de património mundial, sendo um dos locais indicados antes como "excecional potencial" para o estatuto de Património Mundial pela IUCN, órgão consultivo oficial sobre natureza do comité do Património Mundial.

A história da proteção ambiental a sul da capital moçambicana começou em 1932, então numa pequena área de caça, em que o elefante era das principais presas. Em 1969, a importância da biodiversidade local levou à classificação da área como Reserva Especial de Maputo.

A reação ao declínio provocado pela guerra civil que se seguiu à independência recebeu o seu principal impulso em 2006 com assinatura de um memorando de entendimento entre o Governo e a Peace Parks Foundation.

Em resultado dessa cooperação, o Parque Nacional de Maputo não tem parado de crescer desde 2010, beneficiando de vários programas de reintrodução e translocação de espécies.

Aí têm o seu habitat as emblemáticas girafas e elefantes, que se passeiam habitualmente junto à estrada Nacional 1 (N1), mas o Parque Nacional de Maputo combina as vertentes de "mar e terra", numa área total de 1.718 quilómetros quadrados.

Oficialmente, foi criado em 07 de dezembro de 2021, juntando duas áreas protegidas contíguas, a Reserva Especial de Maputo (1.040 quilómetros quadrados na componente terrestre) e a Reserva Marinha Parcial da Ponta do Ouro (678 quilómetros quadrados).

O administrador do parque de Maputo disse à Lusa, em 04 de julho, que a elevação do estatuto vai mudar a "visibilidade do parque", um lugar a ser apresentado ao mundo "como património da humanidade por ser único", com "valores universais" defendidos pela UNESCO.

"Acima de tudo, muda a visibilidade, queremos acreditar e esperamos que possa melhorar e aumentar o número de visitantes, de turistas, e caminharmos de forma mais consolidada para a sustentabilidade financeira do parque, com todas as consequências para a indústria do turismo e para o desenvolvimento das comunidades", disse Miguel Gonçalves.

Com a elevação do parque moçambicano ao estatuto de Património Mundial da humanidade, tinha antes adiantado o administrador, as duas partes (Moçambique e África do Sul) vão avançar com conversações para encontrar uma nova forma de gestão, com a preocupação principal na movimentação das espécies.

"Caso se concretize, vai ser criado um comité conjunto e um plano operativo conjunto [com a África do Sul]. A gestão é individual de cada país, mas terá que haver coordenação em conjunto" para se "manter o valor" de ambos os parques, disse, naquela data, o administrador.

"É criado este comité onde vamos sentar e discutir abordagens na gestão diária, que vai de acordo com a realidade de cada país e de acordo com a legislação de cada país, sendo que a única coisa que temos que garantir é aquilo que indicámos à UNESCO: que os valores universais se mantêm intactos", acrescentou Gonçalves.