
O secretário-geral do PCP criticou este domingo as prioridades do Governo quando problemas como os da saúde se agravam e disse que pediu uma audiência ao Presidente da República para falar sobre o país "preso por arames".
"Acabámos de ter o debate do Estado da Nação há poucos dias e ficou muito claro qual é o estado em que estamos, de um país preso por arames (...) Nesse quadro entendemos que tinha interesse um encontro com o senhor Presidente sobre a situação geral do país", afirmou Paulo Raimundo aos jornalistas à margem de uma iniciativa da Juventude Comunista Portuguesa na Amora (município do Seixal).
Questionado sobre se abordará a lei dos estrangeiros, Raimundo disse que esse será um tema em conjunto com outros, destacando a saúde e recordando as urgências fechadas.
"Hoje estão sete urgências fechadas e a primeira coisa que o Governo decidiu fazer, na primeira oportunidade que teve, foi avançar com a lei da nacionalidade", disse o líder do Partido Comunista Português (PCP), para quem a "prioridade do país está muito longe" dessa.
Questionado sobre a criação da Unidade de Coordenação para Emergências Hospitalares - que o Governo (PSD/CDS-PP) disse que vai avançar aproveitando uma ideia do PS -, Raimundo disse que pode ser importante mas que o que falta são medidas estruturais e que segue em curso "o processo de desmantemanento do Serviço Nacional de Saúde".
"O problema não é da coordenação, o problema é a falta de médicos, enfermeiros e técnicos", vincou.
PCP tem criticado venda do Novo Banco
Raimundo criticou ainda processos como a venda do Novo Banco, considerando que muitas vezes se usam temas para entreter e distrair dos essenciais.
"O país perdeu 6.300 milhões [com o Novo Banco]. Está tudo preocupado com os 3.000 milhões de euros de dinheiro público que foi para a TAP e ninguém fala sobre os 6.300 milhões de euros que o país perdeu à conta desta fraude da venda do BES/Novo Banco", disse.
O PCP tem criticado a venda do Novo Banco (atualmente maioritariamente detido pelo fundo norte-americano Lone Star) ao grupo bancário francês BPCE, considerando que é um "crime que está em curso" e que o banco foi pago por cada um dos contribuintes portugueses.
O líder comunista esteve hoje presente num encontro da Juventude Comunista Portuguesa (JCP) na Sociedade Filarmónica Operária Amorense, que juntou entre 150 a 200 jovens vindos de vários pontos do país, disse a organização à Lusa.
Nas intervenções, muitos jovens pediram a palavra para dar a conhecer a sua visão sobre o mundo e os problemas que vivem.
Um jovem destacou que é muito difícil organizar uma Reunião Geral de Alunos na escola pois quem manda tenta obstaculizar a "escola pública democrática e de qualidade". Outro jovem disse que foi um "choque passar da vida da faculdade para o trabalho" e que se sente "refém de um sistema" e outro jovem militante disse que no banco em que trabalha impede reuniões sindicais. Uma das últimas intervenções foi pela defesa da posição comunista quanto à guerra e à paz, considerando "a grande maioria dos jovens não quer a guerra, quer a paz".
No final do encontro, Raimundo dirigiu-se aos jovens presentes e considerou os líderes do atual sistema político e económico querem criar desesperança para ter pessoas e jovens amorfos e que é importante contrariar isso pela mobilização.
"Choca-me muito vivermos em sociedades que é útil impedir que os jovens se organizem, isso é quebrar uma sociedade interventiva, participativa e construtiva. Hoje quem impede que haja organizações de estudantes são os mesmo que amanhã impedem que haja sindicatos. Querem pessoas amorfas, números, aqui não há números, há jovens determinados", disse o líder do PCP.
Com LUSA