
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos condenou hoje a continuação das operações militares em Myanmar (ex-Birmânia), apesar do cessar-fogo anunciado na sequência do terramoto que provocou milhares de mortos e danos significativos.
"Desde o terramoto, as forças armadas realizaram mais de 120 ataques, mais de metade destes depois de o cessar-fogo ter de entrar em vigor em 02 de abril", disse a porta-voz do Alto Comissariado, Ravina Shamdasani, num comunicado.
De acordo com um relatório divulgado na terça-feira pela junta militar birmanesa, o sismo de magnitude 7,7 na escala de Richter, que aconteceu em 28 de março, fez mais de 3.600 mortos e causou danos materiais significativos no país.
O Alto-Comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk, "apela ao exército para que remova todos os obstáculos à entrega de ajuda humanitária e cesse as operações militares", referiu a nota da ONU
O Alto-Comissário "recorda a todas as partes em Myanmar a sua obrigação, ao abrigo do direito internacional, de permitir que os trabalhadores humanitários cheguem aos necessitados", acrescentou.
As áreas no epicentro do sismo na região de Sagaing, particularmente as controladas pelas forças que combatem a junta militar, "tiveram de contar com as comunidades locais para busca e salvamento e para satisfazer as suas necessidades básicas", sublinhou o Alto-Comissário da ONU.
"É claro que estes esforços corajosos precisam de receber mais apoio", disse Türk.
Os militares subiram ao poder em Myanmar após o golpe de Estado que realizaram em fevereiro de 2021, que depôs o Governo democraticamente eleito da líder Aung San Suu Kyi.
Vários grupos rebeldes combatem a junta militar no país e o cessar-fogo estabelecido entre as partes deveria servir para o salvamento e ajuda aos atingidos pelo sismo.