Define-se como “aquela pessoa que achou que nunca ia ser líder de nada”. E talvez por isso insista em definir a liderança como “um crédito que recebemos das nossas pessoas, que nos apontam como líderes e como exemplos”. É matemático de formação e isso leva-o a gostar de resolver problemas complexos como poucos: "nós na matemática somos desenhados para os problemas. Eles são o início da coisa boa que é encontrar uma solução". Rui Paiva, atual CEO da Unidade Global de Risco da Mobileum, é um dos gestores nacionais mais emblemáticos.

Pouco dado a hierarquias, apreciador da informalidade no contacto com os outros e “jogar de equipa”, Rui Paiva é conhecido pelo modelo de gestão disruptivo com que, em 2001, geriu a WeDo Tecnhologies, a empresa de software de gestão de risco que criou com seis amigos, integrada no ecossistema da Sonae.com, e acabou vendida por um valor superior a €62 milhões ao seu atual empregador, a norte americana Mobileum, em 2019.

Rui Paiva, CEO da Unidade Global de Risco da Mobileum, durante a gravação do podcast
Rui Paiva, CEO da Unidade Global de Risco da Mobileum, durante a gravação do podcast SIC Notícias

A cartilha de gestão da altura é a mesma de agora. E é, garante, a única que sabe aplicar: “o segredo, que não é segredo nenhum, é ser transparente com as pessoas. É partilhar informação com todas elas e garantir que têm acesso da mesma forma”. Foi um dos primeiros líderes a adotar uma política de transparência salarial em que, com base em parâmetros objetivos, “todos sabiam o patamar em que estavam” e o dos seus pares.

O grande problema das empresas, diz Rui Paiva, é a falta de transparência que “gera disfunções” internas. “Por vezes acontece por falha de processos, outras porque a pessoa não é um líder, é um chefe e quer centralizar poder”, diz. A esses, deixa a lição: "a ideia é partilhar o máximo, que toda a gente tenha o máximo de informação. E, no limite, que as pessoas queiram o lugar do líder. Porque se essa pessoa for, na verdade, líder, o lugar dela vai ser mais acima".

Até fundar a sua própria empresa, Rui Paiva geriu toda a sua carreira em ciclos de três anos, o tempo médio para aprender, crescer e não deixar que monotonia tomasse conta de si. Hoje gere o negócio que fundou nas mãos de outros. Reconhece que o seu papel é diferente, o contexto em que lidera também. Mas quando lhe perguntamos se fundaria hoje uma outra WeDo, como em 2001, a resposta sai pronta: “Ah, sim. E fazia tudo muito mais rápido, porque aprendi muito, e com menos pessoas. Porque eu acho que liderar também é gostar de pessoas e quando se começa a crescer, já não se está próximo e não se percebe. É possível fazer uma empresa gigante com poucas pessoas e acho que deve ser mais agradável”.

Cátia Mateus podcast O CEO é o limite
Cátia Mateus podcast O CEO é o limite SIC Notícias

O CEO é o limite é o podcast de liderança e carreira do Expresso. Todas as semanas a jornalista Cátia Mateus mostra-lhe quem são, como começaram e o que fizeram para chegar ao topo os gestores portugueses que marcaram o passado, os que dirigem a atualidade e os que prometem moldar o futuro. Histórias inspiradoras, contadas na primeira pessoa, por quem ousa fazer acontecer. Ouça outros episódios: