O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, condenou, nesta quinta-feira, o mandado de detenção emitido contra ele pelo Tribunal Penal Internacional (TPI) ao declarar que nenhuma "decisão escandalosa" o impedirá de defender o seu país e que não cederá à pressão.
"Nenhuma decisão escandalosa contra Israel nos impedirá - e especialmente não a mim - de continuar a defender o nosso país de qualquer forma", disse Netanyahu numa mensagem vídeo à nação, acrescentando, a propósito das críticas internacionais generalizadas à forma como conduz a guerra na Faixa de Gaza : "Não cederemos à pressão".
Além de Netanyahu, indiciado por crimes de guerra e contra a humanidade, o TPI emitiu também mandados de captura contra o chefe do braço militar do grupo islamita palestiniano Hamas, Mohammed Deif (presumivelmente morto num ataque israelita no verão), e contra o ex-ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, que considerou a decisão como um "precedente perigoso contra o direito de Israel à autodefesa e à guerra moral".
Netanyahu acusou o TPI de ser tendencioso e de ter emitido mandados de captura internacionais "com base em acusações absolutamente infundadas", no que descreveu como "uma falência moral que mina o direito natural das democracias de se defenderem contra o terrorismo assassino".
O primeiro-ministro israelita prosseguiu dizendo que "Israel não reconhece nem reconhecerá esta decisão distorcida", criticando ainda os juízes do tribunal sediado em Haia de nada fazerem contra "os verdadeiros crimes contra a humanidade que estão a ser cometidos" noutros pontos do mundo, referindo os casos do Irão, da Síria e do Iémen.
"E o que fez o tribunal de Haia em resposta às atrocidades cometidas pelo Hamas no dia 07 de outubro ?", questionou sobre os massacres do grupo palestiniano realizados no ano passado em território israelita, onde deixou cerca de 1.200 mortos e levou perto de 250 reféns, dando origem à guerra na Faixa de Gaza.
"Ah, desculpem, emitiu um mandado de captura para o corpo de Mohammed Deif", continuou Netanyahu, aludindo ao líder militar do Hamas que Israel disse ter eliminado no passado verão, mas sem confirmação do movimento armado.
O gabinete do líder israelita já tinha divulgado hoje um comunicado em que Netanyahu é citado a rejeitar com "repugnância as ações absurdas e falsas".
No comunicado, o líder do executivo israelita classificou a decisão da instância internacional como "antissemita", sustentando que "não há nada mais justo do que a guerra que Israel trava em Gaza" contra o Hamas.
A ofensiva israelita na Faixa de Gaza desde outubro do ano passado já provocou mais de 44 mil mortos, na maioria civis, segundo as autoridades locais controladas pelo Hamas, e deixou o enclave palestiniano numa situação de catástrofe humanitária, de acordo com as Nações Unidas e várias organizações internacionais.
- Com Lusa