A comunicação tinha sido anunciada para as 20h, hora solene de telejornais e comunicações ao país. À hora marcada, o primeiro-ministro apareceu com as ministras da Justiça e da Administração Interna, uma de cada lado, e os comandantes de várias forças policiais. Às tantas, o próprio Luís Montenegro sentiu ele próprio necessidade de desvalorizar a solenidade do momento. "Não escolhi a hora em função de nada em especial e a conferência de imprensa que estamos a realizar visa precisamente dar nota do nosso trabalho, das nossas decisões e da forma como estão a ser implementadas e, por via disso, tranquilizar o país", disse já na fase de perguntas e respostas, depois de ter anunciado mais 20 milhões para a compra de veículos para as forças de segurança.
"Portugal é um pais seguro, Portugal é um dos países mais seguros do mundo, mas é preciso não viver à sombra da bananeira de uma performance passada", afirmou Montenegro, que, para "tranquilizar o país", divulgou alguns dados da campanha "Portugal Sempre Seguro", que decorre desde dia 4, entre os quais o desmantelamento de "duas redes criminosas no âmbito da imigração ilegal e do tráfico de pessoas", com detenções, sem as quantificar ou dizer no âmbito de suspeitas de que crimes.
Segundo Luís Montenegro foram feitas mais de 170 operações, que envolveram mais de 4 mil efetivos de várias forças e serviços, fiscalizadas mais de 7 mil pessoas e mais de 10 mil veículos automóveis.
"Portugal é um país seguro", repetiu várias vezes o primeiro-ministro. Mas, acrescentou, "isto não significa que devamos fechar os olhos a algumas circunstâncias que contribuam para um certo sentimento de insegurança", como aconteceu com os distúrbios recentes à volta de Lisboa. "O Governo está empenhado em poder dar à sociedade as respostas que a sociedade almeja para não só sermos um país seguro como também para darmos condições de tranquilidade às forças de segurança", continuou Montenegro, que terminou a comunicação com o anúncio de mais meios.
"Prosseguiremos o caminho encetado das carreiras e remunerações das carreiras dos profissionais que prestam serviço na administração pública, mas queremos juntar a isso um maior investimento também nos meios disponibilizados", que se vai traduzir na aprovação amanhã, em Conselho de Ministros de uma autorização de despesa de mais de 20 milhões de euros para aquisição de mais 600 veículos pesados, ligeiros e motociclos para as forças de segurança.
O primeiro-ministro aproveitou ainda para divulgar que, ainda esta quarta-feira, esteve reunido com o Presidente de Cabo Verde, com o qual, aliás, Marcelo Rebelo de Sousa tinha estado a almoçar no bairro da Cova da Moura. Nesse conversa, disse Montenegro, "pude com ele dialogar no sentido de cooperarmos ainda mais" e "tirar algumas conclusões da interação que ele tinha tido com líderes associativos". E prometeu continuar o diálogo com as comunidades dos vários bairros que viveram problemas de segurança: "Não deixaremos ninguém para trás, olhamos para a realidade de uma forma transversal sabendo que todos os contextos devem ser atendidos: o contextos laboral, social, familiar, o contexto do acesso a bens fundamentais..."
Sem nunca passar a palavra a qualquer outro dos presentes na sala, o primeiro-ministro defendeu a ministra da Administração Interna - "Com certeza que todos os membros do Governo têm a minha confiança plena" - e disse que Margarida Blasco e Rita Júdice "estão a fazer um trabalho excecional".