O ministro dos Assuntos Parlamentares assegurou este sábado, 21 de setembro, que o Governo "está disponível" para "negociar e ceder" na proposta de Orçamento do Estado e avisou que os socialistas têm "responsabilidades acrescidas" nesta negociação e que "não pode haver infantilidades".

"Há uma predisposição grande do Governo para podermos chegar a um consenso em torno do Orçamento. Para nós é muito importante que o país tenha um Orçamento, que a proposta do Governo seja aprovada. Nós sabemos que não temos maioria absoluta no Parlamento e, portanto, estamos disponíveis, mais do que disponíveis, estamos interessados em conversar, em negociar e em ceder onde for preciso ceder para podermos ter um Orçamento aprovado", afirmou Pedro Duarte, em Santo Tirso, à margem de uma visita àquele concelho no distrito do Porto como presidente da Comissão Política Distrital do PSD/Porto.

No entanto, avisou, há limites: "É evidente, acho que toda a gente também percebe, quando eu digo ceder onde for preciso há um limite que é muito simples, que é quando deixarmos ter o projeto do Governo. Não faz sentido se nos deixarmos de rever no Orçamento".

Pedro Duarte e os recados ao PS

"Mas tirando aquilo que são estas linhas estruturais, há uma enorme abertura do Governo para podermos ouvir os outros partidos. O que se passa realmente com o PS é que nós não conhecemos essas propostas e, portanto, estamos à espera, isto não é sequer uma crítica, mas estamos à espera que o PS entregue as suas propostas para podermos avaliá-las e, desde que sejam razoáveis, há, com certeza, toda a abertura da parte do Governo", disse.

Pedro Duarte deixou, no entanto, um aviso ao PS e ao líder socialista, Pedro Nuno Santos: "Eu espero que haja responsabilidade, sentido de responsabilidade da oposição, nomeadamente do maior partido da oposição. O PS tem responsabilidade no estado em que está o país, foi Governo até há muito pouco tempo, tem a responsabilidade acrescida de perceber que estamos num momento crítico e não pode haver nem infantilidades, nem brincar com a vida dos portugueses".

Investidores externos podem afastar-se de Portugal, defende ministro

Questionado sobre as consequências do chumbo da proposta de Orçamento de Estado, o ministro com a pasta dos Assuntos Parlamentares avisou que seriam "muito negativas" e numa altura decisiva para o país: "Seria muito negativo, estamos num momento crucial, por exemplo, ao nível dos investimentos do Plano de Recuperação e Resiliência, é um ano decisivo no próximo ano e se nós não tivermos a ferramenta disponível vai implicar mais atrasos e vamos, provavelmente, perder muitos fundos comunitários".

"O Governo já conseguiu pacificar o país chegando a acordo com muitos sectores profissionais, várias carreiras da Função Pública e tudo isso seria afetado. E, também, nós temos a perspetiva de ter a economia a crescer para as pessoas terem mais dinheiro no bolso e podermos todos viver melhor", argumentou.

"A economia seria muito afetada, desde logo pelo investimento internacional, um investidor que está a pensar trazer dinheiro para o país, se vir que vamos ter uma crise política, um Governo que não tem uma ferramenta para trabalhar como é um Orçamento, provavelmente vai repensar o seu investimento, e isto seria muito negativo para o país", alertou.

A afirmação do ministro foi feita depois de a Fitch, agência de rating internacional, ter melhorado a perspetiva sobre a dívida portuguesa para “positiva”, igualando três das outras quatro agências que avaliam Portugal, e antecipando, portanto, subidas na avaliação no médio prazo.