A semana passada, através do semanário Expresso, o ministério da Educação revelou que tinha atingido a meta traçada de reduzir em 90% o número de alunos que não tinham professor a pelo menos uma disciplina no final do 1.º período do ano letivo. Segundo Fernando Alexandre, havia 2338 alunos nessa situação, o que representaria essa tal diminuição de praticamente 90%, tendo em conta que, no ano passado, os alunos sem professor seriam quase 21 mil. Mas, afinal, esses números não correspondem à realidade.

O ministro da Educação recua agora nas suas declarações anteriores e lamenta, ao semanário Expresso, ter avançado com esses dados. Admite que não há, neste momento, dados fiáveis sobre o número de alunos sem aulas.

“Lamento ter indicado aquele dado. Se tivesse o conhecimento que tenho hoje, não o teria feito”, disse Fernando Alexandre.

Na altura, os números avançados por Fernando Alexandre foram duramente criticados por João Costa, antigo ministro da Educação, e pela líder parlamentar do Partido Socialista (PS), Alexandra Leitão.

A socialista alegou que os dados que Fernando Alexandre estava a comparar não eram, de facto, comparáveis e acusou o ministério da Educação de falta de "seriedade". Horas mais tarde, no mesmo dia, em entrevista à SIC Notícias, João Costa apontou inúmeras falhas no ministério e, por esse motivo, Fernando Alexandre poderia não estar a receber informação com a "melhor qualidade".

Em declarações recentes ao semanário Expresso, João Costa espera mais cautela por parte de Fernando Alexandre e do ministério da Educação.

" Todos os dados têm de ser vistos com muito cuidado para não se partir para declarações bombásticas que não estejam devidamente sustentadas".

Afinal, que números correspondem à realidade?

Após uma "revalidação dos dados" por parte da Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE), o semanário Expresso concluiu que os novos dados apresentados não correspondiam aos números avançados por Fernando Alexandre ou pela líder parlamentar do Partido Socialista (PS).

Enquanto o ministro da Educação falava em 21 mil alunos sem aulas, no final do 1º. período do ano letivo 2023/2024, Alexandra Leitão reduzia esse número para os dois mil. "A 22 de novembro de 2023 (a data de referência usada pelo ministério na sua apresentação) os alunos sem aulas desde o início do ano letivo eram 7381. E no final do 1º período eram 3295", refere o semanário, na edição desta sexta-feira.

Confrontado com estes dados, Fernando Alexandre explica que qualquer comparação com o último ano letivo é, afinal, impossível e confirma que vai avançar com uma "auditoria externa aos dados sobre alunos sem aulas no passado ano letivo".