A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, solicitou à Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) uma auditoria à morte de uma mulher que faleceu durante o apagão desta segunda-feira.

Ao Expresso, o ministério da Saúde diz ter tido “conhecimento, esta quinta-feira, dia 1 de maio, de uma eventual vítima causada pelo corte de energia no passado dia 28 de abril”. Desse modo, Ana Paula Martins pede um “esclarecimento cabal deste caso”. O caso foi divulgado esta quinta-feira à noite pela RTP.

Segundo a estação pública, trata-se de uma mulher de 77 anos que estava ventilada. O ventilador mecânico, além de funcionar ligada à luz, tem uma bateria. O filho da vítima ligou para o INEM quando a bateria se encontrava a 50%."Quando chegaram a minha mãe estava morta", conta à RTP.

O INEM confirma ao Expresso que "a chamada foi recebida às 15h52", tendo a equipa VMER sido acionada às 15h57 "após triagem clínica". O INEM diz ainda que, segundo os registos, a equipa VMER estava no local às 16h28. À RTP, o INEM justifica que “o tempo de deslocação se deveu ao trânsito muito condicionado".

"Tratava-se de uma utente com múltiplas comorbilidades, já em paragem cardiorrespiratória", explica o INEM. O óbito foi verificado pela equipa da VMER.

Ao Expresso, o pneumologista do Hospital São João e presidente da Direção do Colégio de Pneumologia da Ordem dos Médicos, António Morais, explica que uma paragem cardiorrespiratória “provavelmente aconteceria em qualquer altura”, acrescentando que, provavelmente, esta é “uma situação em que houve um falecimento dentro do contexto da sua doença e não por falta de suporte ventilatório".

Recusando comentar o caso concreto, António Morais explica, ainda que “os doentes que precisam de estar 24 horas ligados ao ventilador, habitualmente têm outros aparelhos suplentes para o caso de acontecer algum problema, até mesmo no próprio ventilador”. Além disso, o pneumologista diz que “vários hospitais isolaram espaços para que os doentes que chegassem ao hospital com esse problema pudessem carregar as suas baterias ou pudessem eventualmente ficar num local onde tivessem acesso à eletricidade”.