Luís Marques Mendes não hesita: no caso do vencimento do secretário-geral do Governo, foi o Executivo que esteve mal. Hélder Rosalino, que começou por ser convidado, optou por manter o salário de origem, como consultor do Banco de Portugal, e Marques Mendes não vê aí problema: “Viu-se a fritar em lume brando em polémica e recuou. Tudo normal e tudo legítimo, não me parece que tenha cometido qualquer falha”, afirmou no seu comentário semanal na SIC, este domingo.
Por outro lado, acrescenta, o Governo cometeu primeiro o erro de admitir escolher alguém que iria ganhar mais do que o primeiro-ministro, coisa que não faz sentido do seu ponto de vista, mas, uma vez que entendeu assim, então devia ter defendido essa escolha, tal como fez em 2004 Manuela Ferreira Leite, numa polémica idêntica, ao nomear Paulo Macedo para diretor-geral dos Impostos, com um salário superior a 20 mil euros.
“Se o Governo queria abrir uma excepção, devia ter assumido tudo, com toda a frontalidade e toda a clareza, [devia ter] vindo a público” justificar a decisão, afirmou no comentário deste domingo. “Porque é que não fez? Não sei, mas acho que fez mal. A pior coisa em política é ficar a meio da ponte”, atirou Marques Mendes “Ficou a ideia de querer fazer um fato à medida, meio escondido”, referiu.
Quanto à segunda escolha para o cargo, Carlos Costa Neves, entretanto anunciada pelo Executivo, Marques Mendes enalteceu as qualidades do antigo ministro, que considera "uma pessoa competente e de serviço público”.
Mensagem de Ano Novo do Presidente e a candidatura de Ventura
As palavras do Presidente da República na mensagem para 2025 foram vistas por grande parte dos comentadores e analistas políticos como um pedido de bom senso ao Governo, mas a leitura de Marques Mendes é mais próxima da de Luís Montenegro. Para o comentador, esse pedido é mais geral e menos particular, “é dirigido aos vários agentes políticos e até a pensar em grande medida no Orçamento do Estado próximo”.
Na sua análise, a mensagem de Marcelo, a penúltima enquanto Presidente, é pedagógica. E confessa que gostou sobretudo da primeira parte, centrada na política externa e nas ameaças de fora.
Na outra novidade da política portuguesa, conhecida este fim de semana, a notícia da candidatura de André Ventura a Belém, Marques Mendes não viu propriamente uma surpresa: “Era “completamente previsível e expectável, sobretudo nos últimos tempos”, mas é sobretudo clarificador porque o Chega começou por admitir não ter um candidato próprio e apoiar outro candidato.
Mendes questionou, porém, se esta é uma candidatura que “vai até ao fim”, lançando a dúvida, porque Ventura admitiu apreciar Gouveia e Melo e também Pedro Passos Coelho, se este decidisse ser candidato. “(Essa) é a única dúvida que se coloca, desiste a favor de outra? Veremos”, rematou.