
Luís Filipe Vieira justificou hoje a recandidatura à presidência do Benfica com o legado de 18 anos deixado no clube, rejeitando fazê-lo por mera oposição ao atual líder Rui Costa nas eleições de 25 de outubro.
"As circunstâncias mudaram todas e é verdade que vou ser candidato. Deixei um legado muito importante no Benfica, que ninguém igualou. Ao longo destes quatro anos, tudo foi destruído, menos o património, que não teve manutenção e está bastante deteriorado. O clube está a deteriorar-se gravemente", referiu o empresário, de 76 anos, em entrevista às estações televisivas TVI e CNN Portugal.
Luís Filipe Vieira foi o 33.º presidente da história do Benfica, entre outubro de 2003 e julho de 2021, mas renunciou ao cargo depois da sua detenção no âmbito da operação Cartão Vermelho, sendo substituído interinamente pelo ex-futebolista e então vice-presidente Rui Costa, outro dos agora seis candidatos às próximas eleições, com quem trabalhou 13 anos.
"O Benfica está há muitos anos sem liderança. Não tem estratégia, nunca mais inovou e perdeu a corrida na centralização dos direitos televisivos. Eu deixei o Benfica com uma dívida de 80 ou 90 milhões de euros (ME), mas com tudo liquidado. Deixei por fazer o investimento no [centro de estágios do] Seixal. De resto, o que se passou no Benfica desde então?", atirou o dirigente com mais títulos e longevidade de sempre das 'águias'.
Luís Filipe Vieira recusou estar de relações cortadas com Rui Costa, mas lamentou a saída dos "principais quadros" do Benfica e acusou de "falta de caráter" o atual presidente 'encarnado', que somou 84,48% dos votos nas eleições antecipadas de 2021, as mais participadas de sempre das 'águias', contra 12,24% do empresário Francisco Benitez.
"Não tenho de me candidatar contra o Rui Costa. Vou candidatar-me pelo Benfica e mais nada. Ele nunca falou comigo desde que foi eleito e tomou posse. Não levem isto para a vingança [pessoal], porque, em junho, nunca pensava em recandidatar-me. Só que tive informações bastante preocupantes do Benfica e tenho a certeza de que vai passar por problemas financeiros gravíssimos", reconheceu, alegando que a atual administração tem tido falta de planeamento na política de sucessivas contratações das últimas temporadas.
Desejoso de levar o Benfica ao pentacampeonato, objetivo falhado em 2017/18, Luís Filipe Vieira assegurou a continuidade do treinador Bruno Lage - que promoveu da equipa B em 2018/19 e despediu na temporada seguinte -, além de prometer pagar menos por reforços.
"Se voltar ao Benfica, vou provar que é possível comprar jogadores de quatro ME. O mercado não mudou nada. Se calhar, há dinheiro a mais. Primeira medida caso seja eleito? Não posso dizer, mas há pessoas que têm de abandonar o Benfica", defendeu.
Luís Filipe Vieira é o sexto candidato assumido às eleições dos órgãos sociais do Benfica para o quadriénio 2025-2029, juntando-se a Rui Costa, aos advogados João Diogo Manteigas e Cristóvão Carvalho, ao gestor João Noronha Lopes - adversário por si derrotado nas urnas em 2020 -, e ao industrial Martim Borges Coutinho Mayer.
"Neste momento, o Benfica não tem gestão nem projeto. Tudo o que se faz é para a campanha eleitoral. Olhamos para o futuro e o que se vê? Contratar, contratar e contratar. É como dar um pontapé para a frente e quem vier atrás que feche a porta", notou, convicto de que o seu envolvimento em processos judiciais não prejudicará a reputação do clube.
Nos 18 anos de mandato de Luís Filipe Vieira, marcados pela construção do Estádio da Luz e do centro de estágios do Seixal, a equipa principal de futebol do Benfica conquistou 22 troféus - sete campeonatos, três Taças de Portugal, cinco Supertaças Cândido de Oliveira e sete Taças da Liga -, e perdeu duas finais seguidas da Liga Europa, frente aos ingleses do Chelsea e aos espanhóis do Sevilha em 2012/13 e 2013/14, respetivamente.
"Se consegui um fundo de investimento? Não interessa. Arranjei bastante dinheiro. O que garanti foi, no caso de ganhar as eleições, haver quem estivesse disponível para financiar uma determinada importância por alguns anos. É dinheiro para pagar as dívidas atuais e fazer investimentos num colégio, num hotel e na expansão do Seixal. A equipa está formada e não me vou intrometer em nada. Só se isto correr mal", finalizou, adiando o anúncio dos candidatos da sua lista à presidência dos restantes órgãos sociais do clube.