Segundo a agência noticiosa oficial IRNA, o diplomata "chegará na quarta-feira a convite oficial da República Islâmica do Irão" e estão previstas várias reuniões a partir do dia seguinte, na primeira visita após a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais norte-americanas.

Durante o primeiro mandato de Trump, os Estados Unidos retiraram-se em 2018 de um acordo internacional que deveria regular as atividades atómicas do Irão em troca do levantamento das sanções internacionais.

Nos últimos anos, falharam todas as tentativas de relançar o acordo celebrado em 2015 entre França, Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos, a Rússia e China.

Desde então, o programa nuclear iraniano continuou a ganhar força, apesar de Teerão negar que tenha qualquer intenção de produzir uma bomba atómica.

De acordo com a AIEA, a República Islâmica aumentou consideravelmente as suas reservas de urânio enriquecido a 60%, condição essencial para desenvolver uma arma atómica, que exige material enriquecido a 90%.

Mas desde a tomada de posse, em agosto, do novo Presidente reformista, Massoud Pezeshkian, Teerão tem manifestado o seu desejo de relançar as negociações para reavivar o acordo.

O Comissário Grossi visitou o Irão pela última vez em maio e, então, apelou a medidas "concretas" para ajudar a reforçar a cooperação sobre o programa nuclear iraniano numa conferência de imprensa na província de Isfahan, onde se situa a central de enriquecimento de urânio de Natanz.

No final de setembro, Grossi afirmou que o Irão parecia estar pronto para retomar as negociações nucleares, embora ainda recusasse permitir o regresso às suas instalações dos inspetores cuja acreditação tinha sido retirada.

Desde 2021, o Irão reduziu drasticamente as inspeções às suas instalações nucleares. As câmaras de vigilância foram desligadas e a acreditação de um grupo de peritos foi retirada, algo que a AIEA tem criticado

Rafael Grossi, cujas relações com as autoridades iranianas se deterioraram nos últimos anos devido à sua falta de cooperação, deverá pressionar o Irão para garantir que os inspetores banidos dos locais sejam autorizados a regressar.

 

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