
Na Missa Inaugural de Pontificado, o Papa Leão XIV propôs uma Igreja católica unida e missionária contra as “feridas causadas pelo ódio” e “por um paradigma económico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres”.
O Papa eleito há semana e meia pelos cardeais, sucedendo a Francisco, proferiu na homilia da missa de início do Pontificado que “no nosso tempo, ainda vemos demasiada discórdia, demasiadas feridas causadas pelo ódio, a violência, os preconceitos, o medo do diferente, por um paradigma económico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres”.
Nascido nos EUA e com carreira eclesiástica no Peru, o cardeal Robert Prevost foi eleito Papa em menos de 24 horas pelos cardeais, num momento em que persistem tensões internas na Igreja Católica sobre as mudanças a introduzir na relação com a sociedade, com diferentes ritmos conforme os territórios.
“Amor e unidade: estas são as duas dimensões da missão que Jesus confiou a Pedro”, fundador da Igreja, começou por dizer o novo Papa.
“Gostaria que fosse este o nosso primeiro grande desejo: uma Igreja unida, sinal de unidade e comunhão, que se torne fermento para um mundo reconciliado”, disse Leão XIV aos milhares de fiéis presentes e perante vários chefes de Estado e governantes, entre os quais o Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa.
Depois de um percurso de papamóvel na Praça de São Pedro, cumprimentando os milhares de peregrinos que se juntaram para participar na missa de início de Pontificado, Leão XIV pediu uma “Igreja missionária, que abre os braços ao mundo, que anuncia a palavra, que se deixa inquietar pela história e que se torna fermento de concórdia para a humanidade”.
“Queremos ser, dentro desta massa, um pequeno fermento de unidade, comunhão e fraternidade”, afirmou, prometendo uma Igreja evangelizadora, um “caminho a percorrer também com as Igrejas cristãs irmãs, com aqueles que percorrem outros caminhos religiosos, com quem cultiva a inquietação da busca de Deus, com todas as mulheres e todos os homens de boa vontade para construirmos um mundo novo onde reine a paz”, disse o Papa.
Papa recebeu emocionado símbolos do poder papal
O novo pontífice ficou visivelmente emocionado quando o cardeal filipino Luis Antonio Tagle lhe impôs o anel na mão. “Hoje, sucedes ao Beato Apóstolo Pedro”, proclamou o cardeal, em latim, antes de entregar o anel ao novo Papa. O novo pontífice olhou durante alguns instantes para a mão, quase a conter as lágrimas, enquanto a praça se enchia de aplausos.
Leão XIV recebeu primeiro o pálio, uma estola de lã branca que representa o peso do “rebanho” sobre os ombros do pastor, decorada com seis cruzes de seda preta e presa com três agulhas que representam os pregos da Cruz.
Depois de uma oração, o cardeal filipino entregou o anel do pescador em ouro, cujo selo ostenta a imagem de São Pedro com as chaves e a rede do pescador. No interior, a inscrição “Leão XIV” (em latim) e o seu brasão papal.
O pontificado de Robert Prevost, eleito a 8 de maio, é considerado oficialmente inaugurado com a apresentação destes dois símbolos.
Após ter recebido os símbolos, o Papa Leão XIV recebeu a promessa de obediência de 12 pessoas, representando toda a Igreja Católica.
Leão XIV alerta para fome de crianças, famílias e idosos em Gaza
Após a missa, na Praça de São Pedro, e durante a recitação do Regina Coeli, o Papa lembrou que, “em Gaza, crianças, famílias e idosos são levados à fome”.
“Não podemos esquecer os nossos irmãos e irmãs que sofrem por causa das guerras. Em Gaza, as crianças, as famílias, os idosos e os sobreviventes”, disse o pontífice, perante milhares de fiéis católicos e governantes de todo o mundo.
Já há uma semana, na sua primeira oração Regina Coeli depois de ter sido eleito, Leão XIV apelara a um cessar-fogo “imediato” na Faixa de Gaza e pediu ajuda humanitária para a população “exausta”, bem como a libertação de todos os reféns israelitas.