A juíza Helena Susano, que julga o processo BES , quis apurar esta sexta-feira, segundo dia de depoimento de José Maria Ricciardi, o que o moveu para denunciar o primo Ricardo Salgado.

JUÍZA: Porque é que teve a clarividência que mais ninguém teve?

RICCIARDI: Não sei se tinham ou se não tinham medo.


JUÍZA: Porque é que fala em medo? Quando se tem medo tem-se medo do escuro, que lhe caia uma mesa em cima… Porque é que o Sr. Dr. não tinha medo?

RICCIARDI: Porque não tinha.


José Maria Ricciardi tem sido inquirido como testemunha, mas já disse, em tribunal, que sente que parte das defesas dos assistentes estão a interrogá-lo como arguido.

“Parece que vou sair daqui julgado”, disse.
O desabafo, ao segundo dia de depoimento no julgamento do processo BES, surge depois de um rol de acusações de Ricciardi à gestão de Ricardo Salgado no Grupo Espírito Santo.
Miguel Matias, advogado de uma petrolífera venezuelana lesada em 300 milhões, chegou a questionar a motivação por detrás das acusações.

MIGUEL MATIAS: “Quero apurar… não me vem outra palavra…. da bondade das suas respostas. A parcialidade pode ser mal interpretada. Quando responde o que responde está a fazê-lo porque é pura verdade ou porque resulta de um sentimento de abandono, desgaste e zanga?”

RICCIARDI: “Eu não desejo mal ao Dr. Salgado.”