O jornalista, cujo advogado anunciou a intenção de recorrer da decisão, argumentou durante a audiência que estava apenas a cobrir a manifestação de apoio ao presidente da câmara de Istambul, Ekrem Imamoglu, entretanto preso, pelo que é acusado de ter participado nos protestos.

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) já reagiu à prisão de Akgul, considerando tratar-se de uma "decisão ultrajante".

Akgul foi detido na madrugada de segunda-feira em sua casa, juntamente com outros nove jornalistas em Istambul e Izmir (oeste), a terceira maior cidade do país.

Mais tarde, foi libertado, juntamente com os restantes sete e, posteriormente, novamente detido.

Um procurador de Istambul pediu hoje a detenção de sete deles, segundo um dos seus advogados.

"É a primeira vez que um jornalista claramente identificado como tal, no exercício das suas funções, é mandado para a prisão com base nesta lei contra ajuntamentos e manifestações. Esta decisão escandalosa reflete uma situação muito grave na Turquia", declarou à AFP Erol Onderoglu, representante da ONG Repórteres Sem Fronteiras na Turquia.

O presidente da câmara de Istambul foi detido na quarta-feira passada sob a acusação de corrupção e ligações terroristas, tendo ficado em prisão preventiva no dia anterior. Na véspera, a Universidade de Istambul anulou o seu diploma universitário, uma condição para a sua candidatura presidencial.

A anulação do diploma, obtido em 1994, por alegadas irregularidades administrativas na sua admissão, já tinha suscitado protestos entre os estudantes, que denunciaram uma manobra governamental para bloquear o caminho do popular presidente da câmara para a presidência.

Desde então, os estudantes têm sido uma parte importante das enormes manifestações que chegam a reunir 100.000 pessoas em Istambul e dezenas de milhares em Ancara e Esmirna, que se realizam diariamente e que o Partido Republicano do Povo (CHP, social-democrata), principal força da oposição, diz que vão continuar até à libertação de Imamoglu.

O partido realizou no domingo eleições primárias em que Imamoglu - principal opositor de Erdogan -, foi o único candidato.

Estudantes de 20 universidades, 13 delas em Istambul, quatro em Ancara, duas em Esmirna e uma em Bursa, aderiram à greve, em princípio por tempo indeterminado, refere o diário turco BirGün.

O sindicato Egitim-Sen dos professores das escolas públicas anunciou que os seus membros académicos vão fazer greve terça-feira.

Milhares de estudantes de várias universidades públicas manifestaram-se hoje no bairro de Besiktas, em Istambul, e depois marcharam ao longo do Bósforo para se juntarem à manifestação, convocada pelo CHP pelo sexto dia consecutivo, em frente à Câmara Municipal.

A tensão política na Turquia continua a aumentar depois de Erdogan, que está no poder há mais de duas décadas, ter avisado que não iria tolerar "ataques de grupos marginais e 'hooligans' urbanos".

O líder islamita acusou os manifestantes de atacarem polícias, destruírem mobiliário urbano e "transformarem o pátio das mesquitas em tabernas".

"Os líderes dos principais partidos da oposição demonstraram uma enorme irresponsabilidade", afirmou o Presidente turco.

Recep Tayyip Erdogan é presidente da Turquia desde 28 de agosto de 2014.

Anteriormente, ocupou o cargo de primeiro-ministro do país entre 14 de março de 2003 e 2014, tendo sido também presidente da câmara de Istambul de 1994 a 1998

 

JSD // APN

Lusa/Fim