O grupo parlamentar do Juntos Pelo Povo (JPP) acaba de anunciar, que irá apresentar amanhã, na Assembleia Legislativa Regional (ALRAM), um voto de protesto contra “as declarações profundamente anti-autonomistas do candidato presidencial Almirante Gouveia e Melo”.

Em causa, estão as afirmações do candidato presidencial sobre a necessidade de uma ligação marítima de passageiros entre a Madeira e o continente, proferidas durante a visita à Região no último fim-de-semana.

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Em nota remetida, esta segunda-feira às redacções, o presidente do grupo parlamentar e líder do JPP diz que “não há coincidências” e lamenta que o almirante “tenha violado o princípio constitucional da coesão territorial e combate às desigualdades sociais e económicas, o que para um aspirante ao cargo de Presidente da República significa que já chumbou no exame prévio”.

“Esse senhor Almirante revelou-se um verdadeiro anti-autonomista, e dessa casta já temos gente a mais”, critica Élvio Sousa.

Em vez de vir à Madeira apresentar soluções para os problemas da mobilidade aérea e marítima, como o regresso urgente da linha marítima e a revisão do subsídio de mobilidade para que os madeirenses não continuem a ser fiadores do Estado, veio cá dizer que não se justifica a linha marítima, importante para baixar o custo de vida, colocando-se ao lado, precisamente, do grupo económico que se opõe ao regresso do ferry para não ter que enfrentar concorrência, em especial na carga Élvio Sousa, JPP

O dirigente partidário considera ainda que Gouveia e Melo “ofendeu os madeirenses e porto-santenses”, revelando um “profundo desconhecimento das dificuldades dos povos insulares”.

Élvio Sousa vai mais longe e diz mesmo ser “inaceitável" que o candidato à Presidência da República defenda "a perpetuação do isolamento ao negar alternativas de mobilidade que comprometem o desenvolvimento económico e social da Região Autónoma da Madeira”. Posição que, de resto, já havia sido manifestada pelo deputado eleito pelo JPP à Assembleia da República, Filipe Sousa.

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O secretário-geral do JPP deixa ainda duas notas. Uma, para lamentar que o Almirante tenha cometido uma segunda “afronta” ao defender a continuidade do cargo de Representante da República.

Outra, para perguntar como é que “o autonomista Alberto João Jardim veio a público assumir o seu apoio a esta candidatura altamente anti-autonomia e personificação do mais puro centralismo”.

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