"Nunca antes vimos violações tão maciças como as que atualmente ocorrem na Faixa de Gaza (...), entre as quais assassínio e mutilação de crianças, ataques a hospitais e escolas e negação de ajuda humanitária", declarou Bragi Gudbrandsson, vice-presidente da comissão, que na sua última sessão analisou a situação dos direitos das crianças num grupo de países, entre os quais Israel.

Para esta avaliação, a comissão manteve um diálogo de seis horas com uma delegação oficial enviada por Israel, que se centrou em expor o que está a ser feito para proteger as crianças israelitas das consequências da guerra na Faixa de Gaza, bem como no apoio que está a ser dado às famílias dos reféns que foram sequestrados no ataque do movimento islamita palestiniano Hamas em território israelita, a 07 de outubro de 2023.

Os enviados de Israel negaram que os civis estejam a ser alvo de ataques militares.

Ao apresentar à comunicação social as conclusões sobre Israel, Gudbrandsson recordou que as ações militares israelitas tiveram até agora "consequências catastróficas" na população infantil da Faixa de Gaza e no seu direito à vida e ao crescimento.

Precisou que 17.000 crianças morreram e mais de 6.000 ficaram feridas desde que começou a guerra de Israel contra o Hamas em Gaza, no mesmo dia do ataque de combatentes daquele grupo -- um número superior ao das mortes de homens e mulheres.

O relatório refere ainda que antes deste episódio de guerra, no período entre 2016 e 2023, a ONU registou 28.000 violações graves contra crianças por parte do Exército israelita, que resultaram na morte ou mutilação de 10.000 delas.

O vice-presidente da Comissão dos Direitos da Criança da ONU indicou que Israel negou ter quaisquer obrigações ao abrigo da Convenção Internacional dos Direitos da Criança nos territórios palestinianos que ocupa, apesar do controlo efetivo que neles exerce.

"Israel sustenta que a aplicação da Convenção se limita às suas fronteiras territoriais, uma posição que a Comité não partilha", sublinhou.

Questionado sobre se Israel tinha apresentado alguma ação concreta para proteger as crianças da Faixa de Gaza das hostilidades, Gudbrandsson respondeu que não recebeu qualquer informação que demonstrasse que o Exército se preocupa em preservar a vida dos menores palestinianos ou dos civis, em geral.

Um milhão de crianças foram deslocadas em Gaza nos últimos 11 meses, 21.000 estão desaparecidas e 20.000 perderam um ou ambos os pais, ao passo que outras 17.000 estão sozinhas ou separadas das respetivas famílias.

ANC // SCA

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