
O Governo israelita advertiu ontem que o país reagirá "energicamente" se a Síria não proteger a população drusa, depois de os recentes confrontos terem provocado mais de 100 mortos perto de Damasco.
"Se os ataques contra os drusos recomeçarem e o regime sírio não os impedir, Israel responderá energeticamente", afirmou o ministro da Defesa israelita, Israel Katz, em comunicado citado pela agência de notícias francesa AFP.
Os confrontos entre combatentes drusos e grupos armados ligados ao Governo sírio acontecem quase cinco meses após o derrube do regime do Presidente Bashar al-Assad por uma coligação de grupos rebeldes islâmicos.
Na quarta-feira, o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) dava conta que tinham morrido mais de 70 pessoas apenas em dois dias de violência sectária na Síria, que ocorreram naquela zona na terça e quarta-feira. Hoje, o mesmo observatório atualizou o número de mortos para 101.
O líder religioso druso na Síria descreveu o ocorrido como uma "campanha genocida injustificada" contra a comunidade, tendo apelado à "intervenção imediata das forças internacionais de manutenção da paz".
Por seu lado, o Governo sírio rejeitou os apelos à "proteção internacional" de grupos que descreve como "fora da lei".
As novas autoridades derrubaram o regime do Presidente Bashar al-Assad em dezembro de 2024, após uma guerra civil iniciada em 2011.
Os drusos, uma comunidade esotérica descendente de um ramo do Islão, são vistos com desconfiança pela corrente sunita extremista de que provêm as novas autoridades da Síria.
Representam cerca de 0,3% da população síria e vivem principalmente no sul, nomeadamente na província de As-Suwayda, perto de Israel, mas também em bolsas no noroeste e perto da capital, Damasco.
Os drusos, cujo número é calculado em cerca de 700.000, concentraram-se sobretudo na proteção dos seus territórios e evitaram em grande medida o recrutamento forçado para o exército sírio.
Além da Síria, incluindo os Montes Golã sob ocupação israelita, a comunidade drusa vive sobretudo no Líbano e em Israel.