Um inédito de Nuno Júdice, a biografia do poeta Herberto Helder e um livro que reúne pela primeira vez a correspondência entre os quatro principais romancistas do 'boom' latino-americano são algumas das novidades editoriais de maio.

A Dom Quixote publica neste mês dois livros de poesia de Nuno Júdice, um inédito, "Livro de caligrafia, composto entre abril-maio de 1994 e 28 de maio de 1995, e outro publicado pela primeira vez nesta chancela, "Meditação sobre ruínas".

Na mesma editora será lançado "As cartas do Boom", que consiste na correspondência partilhada entre Julio Cortázar, Carlos Fuentes, Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa, uma obra que permite "um acesso sem precedentes às suas relações pessoais e coletivas, com todos os seus encontros e desencontros", abrindo uma "janela privilegiada para a literatura e a política latino-americanas, especialmente durante um período crucial da sua história moderna, entre 1959 e 1975".

Ainda na Dom Quixote, será publicado "A trilogia de Paris", obra composta por três planos semiautobiográficos da vida de uma mulher, que marca a estreia em Portugal da jornalista, cineasta e escritora francesa Colombe Schneck.

Neste tríptico -- "Dezassete anos", "Duas burguesinhas" e "A ternura do Crawl" -- a autora explora questões sobre sexualidade, autonomia corporal, feminilidade, amizade e perda.

Pela Casa das Letras chega um romance que está entre os seis finalistas ao prémio Women's Prize para ficção, "Linda menina", estreia na ficção da poeta alemã Aria Aber, que faz o retrato de uma artista enquanto jovem mulher em Berlim, uma cidade que não consegue escapar à sua história.

Uma das principais novidades do mês chega pela Contraponto, "Se eu quisesse, enlouquecia. Biografia de Herberto Helder", escrita pelo sociólogo João Pedro George, que, com recurso a cartas do próprio e a testemunhos inéditos de quem mais de perto com ele conviveu, apresenta pela primeira vez "o ser humano por detrás do poeta Herberto Helder", segundo a editora.

A Quetzal publica um novo livro de Julian Barnes, "Mudar de ideias", uma recolha de cinco breves ensaios, precisamente sobre o tema "mudar de ideias", bem como o segundo volume da coleção "Conta-Corrente", obra escrita em forma de diário de Vergílio Ferreira, cujo número dois abarca o período entre 1982 e 1985.

"O outro lado dos livros. Memórias de um editor", de Manuel Alberto Valente, e um novo romance do escritor cabo-verdiano Joaquim Arena, "As mortes do meu pai", são outros destaques da Quetzal.

A Bertrand aposta em "O amor não correspondido de Hitler", de Jean-Noël Orengo, e "Sem tréguas", de Stephen King, na área da ficção, e a Temas e Debates publica "Oceano - O último reduto selvagem", de David Attenborough.

A escritora chilena Isabel Allende tem um novo romance, "O meu nome é Emilia del Vale", que será publicado pela Porto Editora.

Um novo romance de Valter Hugo Mãe, "educação da tristeza", e mais um livro de Fredrik Backman, "Os meus amigos", são outros destaques da editora.

A Livros do Brasil lança "Qual é o teu tormento", da autora norte-americana Sigrid Nunez, e "Quero continuar a viver depois da minha morte", do alemão Thomas Sparr.

Uma das novidades da Alfaguara é "Levarei o fogo comigo", o romance que completa a trilogia familiar e social, que é também um manifesto político e afetivo da escritora Leïla Slimani, e que foi antecedido por "O país dos outros" e "Vejam como dançamos".

Joël Dicker regressa com um novo livro de mistério, "Uma catastrófica visita ao zoo", publicado na mesma chancela.

Pela Cavalo de Ferro, vai sair "O marquês de Bolibar", de Leo Perutz, um clássico moderno da literatura europeia, e "Gente da Casa", de Abdulrazak Gurnah, o regresso do autor à publicação após a atribuição do Prémio Nobel de Literatura em 2021.

O escritor brasileiro Jeferson Tenório tem um novo romance, "De onde eles vêm", a ser publicado na Companhia das Letras, tal como acontecerá com "O vício dos livros II", de Afonso Cruz.

"Ofendidinhos", de Lucía Lijtmaer, é a proposta da Objetiva, que oferece uma reflexão sobre os conceitos de liberdade de expressão, ofensa e protesto, num ensaio sobre as falácias do neoconservadorismo, do politicamente correto e da verdadeira natureza do puritanismo.

Na editora Guerra e Paz, são esperadas as publicações de "O jogo mais perigoso", de Richard Connell, considerada a narrativa curta mais popular alguma vez escrita em inglês, que venceu em 1924 do Prémio O. Henry Memorial (considerado o Pulitzer para histórias curtas), e de "Verão quente de 1975: Tudo era permitido", de Pedro Prostes da Fonseca.

A Editorial Presença traz "Wellness", um romance contemporâneo de Nathan Hill, autor de "Nix", "Uma História africana da África", de Zeinab Badawi, e "Botchan", clássico da literatura japonesa, de Natsumé Sôséki, o mesmo auto de "Kokoro".

"Sobre o Anarquismo", de Noam Chomsky, é uma das propostas da Antígona para este mês, obra na qual o autor sustenta que esta ideologia política, "tantas vezes confundida com desordem social e caos", é "sinónimo de liberdade e questionamento constante das estruturas de poder, assente na ação coletiva".

A Antígona publicará ainda "A máscara e outros contos", de Stanislaw Lem, uma coletânea de contos, escritos entre 1956 e 1993.

A biografia intelectual da pensadora Hannah Arendt vai ser publicada pela Edições 70, uma obra de Thomas Meyer, já vendida para 30 países, que sairá com o título "Hannah Arendt -- A biografia".

No planeamento editorial da Relógio d'Água está a publicação de mais uma obra de Ana Teresa Pereira, "Have Ya Got Any Castles, Baby", um novo livro da escritora italiana Natália Ginzburg, "Nunca me perguntarás", e o ensaio "A Singularidade Está mais Próxima", de Ray Kurzweil.

Ainda na literatura internacional, será publicado "O céu de pedra", terceiro livro da série "Terra Fraturada" - vencedor do Hugo Award 2018 e do Nebula Award 2018 na categoria de melhor romance -, de N.K. Jemisin, autora de ficção especulativa e fantasia, que foi antecedido por "O portal dos obeliscos" e "Quinta estação".

A Tinta-da-China vai lançar "Histórias de vida da luta armada", de Raquel Beleza da Silva, o primeiro grande estudo que dá voz a pessoas outrora comprometidas com a transformação política através de meios violentos em Portugal.

Na coleção de poesia, sairá "Vida Efeito-V", do autor brasileiro Carlito Azevedo, e na coleção de ensaios, será publicado "Fernando Pessoa no espelho de Celan", de Claudia J. Fischer.

"Variações do branco", de Filipe Raposo, é uma das apostas da editora, um ensaio sonoro e visual em formato de livro e CD do pianista e compositor, concluindo a "Trilogia das cores".

"Se não espalmar, fica solto", antologia de textos soltos que reúne peças de teatro, um conto, ensaios e um conjunto de poemas de Miguel Castro Caldas, e "Geração de 60", de Diana Andringa, que traça o retrato de uma geração e do seu país, em tempos de guerra, ditadura e repressão, são as outras publicações da Tinta-da-China.

Na não (edições) sai aquele que é o primeiro livro de poesia em português da realizadora de cinema, artista e escritora Isadora Neves Marques, "A campa de Marx".