
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) anunciou esta terça-feira que vai pedir audiências ao Governo e à Assembleia da República para propor uma unidade de missão sobre a legislação do setor e participação nas comissões parlamentares sobre os fogos florestais.
No final de uma reunião com o Presidente da República, o presidente da LBP, António Nunes, disse que a organização representativa dos bombeiros quer o compromisso do governo e dos partidos nas alterações legais e pretende ser ouvida pelos deputados, caso avancem diligências parlamentares, como já prometeu o Chega, anunciando a intenção de uma comissão de inquérito sobre os fogos florestais das últimas semanas.
"Comunicamos que vamos pedir uma audiência ao senhor presidente da Assembleia da República para participarmos em todas as comissões que possam ser constituídas ou avaliações que sejam realizadas no parlamento. Temos comandantes no terreno e temos contributos e informações a dar sobre o que correu bem, mal ou menos bem", disse António Nunes à Lusa no final da reunião com Marcelo Rebelo de Sousa.
"Viemos falar com o senhor Presidente e reafirmar que os bombeiros estão disponíveis como sempre estiveram para combater os fogos florestais, os fogos urbanos, as ocorrências que possam existir e continuam disponíveis para dar o melhor de si, sendo certo que até o lema vida por vida se cumpriu nestes dias", disse António Nunes, numa referência à morte recente de dois bombeiros.
António Nunes adiantou que a LBP irá "pedir uma audiência ao governo, na pessoa do primeiro-ministro", para discutir reivindicações e para "propor uma unidade de missão para a reforma de legislação que afeta os bombeiros na sua globalidade".
Os bombeiros querem que seja "alterada a lei orgânica da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil", contemplando a criação de um "comando de bombeiros", bem como uma "carreira e um estatuto remuneratório para os bombeiros com contrato de trabalho nas associações voluntárias".
"É preciso resolver rapidamente essa situação: Somos o único setor da segurança que não viu contemplado qualquer ajuste financeiro", disse António Nunes.
"Viemos pedir a magistratura de influência do senhor Presidente da República para ajudar a desbloquear algumas destas questões que ainda não conseguimos resolver. Estamos sempre com promessas e falta-nos a consequência dessas promessas", acrescentou.
Em causa está a "questão das carreiras dos bombeiros voluntários, estatuto social do bombeiro, o estatuto de dirigente associativo ou comando nacional de bombeiros", salientou ainda António Nunes.
Sobre a situação operacional de combate aos incêndios florestais, o presidente da Liga admitiu que o país vai ter "ciclos de grandes incêndios mais curtos", devido aos problemas de ordenamento do território e às alterações climáticas.