Cada vez há mais portugueses em dificuldades e a precisar da ajuda económica da comunidade, não apenas em questões quotidianas, mas também para tratamentos de saúde, alertou a Academia do Bacalhau de Caracas (ABC).

No entanto, segundo a ABC, há cada vez mais consciência da situação, o que tem feito com que a solidariedade deixe de ser exclusiva dos empresários para ser praticada também por outros profissionais portugueses e inclusive venezuelanos solidários com a comunidade.

"Cada vez a solidariedade se justifica mais. Cada vez há mais necessidade na nossa comunidade. Graças a Deus, através dos contatos da ABC, temos conseguido apoios inclusive de instituições venezuelanos também para casos de quimioterapias e operações de compatriotas, porque a nossa função é ajudar quem necessita", disse.

José Luís Ferreira falava à Agência Lusa na tertúlia mensal da ABC que na noite de quarta-feira reuniu mais de 110 pessoas num conhecido salão de banquetes de Caracas.

"Nem todos são empresários, alguns são [apenas] amigos da comunidade, que partilham [as tertúlias] connosco. Há inclusive outros profissionais, como médicos, advogados, deputados. Quando eles se inteiram da nossa causa, dos nossos princípios, integram-se e participam", disse.

Em relação á ABC, explicou que realiza uma tertúlia mensal, na qual participam em média entre 100 e 150 pessoas, sendo que o número é significativamente maior nas tertúlias de aniversário e de fim de ano, às quais podem atingir 400 e 500 pessoas, respetivamente.

Também que na primeira semana de setembro terá lugar, na Serra da Estrela, em Portugal, o Congresso das Academias do Bacalhau, que vai contar com representações da ABC e da Academia do Bacalhau de Los Altos Mirandinos (a sul da capital).

"Que acreditem em nós, que nos apoiem. Trabalhamos para ajudar a quem mais necessita", afirmou José Luís Ferreira, sublinhando que parte do angariado mensalmente nas tertúlias da ABC destina-se ao Lar da Terceira Idade Padre Joaquim Ferreira, que alberga dezenas de compatriotas.

Sobre a tertúlia de quarta-feira explicou que teve uma ementa tipicamente madeirense da qual fez parte espada preta, arroz de lapas e caldeirada de cabeças de espada, e, com uma sobremesa à base de sonhos e bolo de mel.

"Há compadres que não são madeirenses, mas quisemos recordar a Madeira, celebrar o Dia da Madeira, a nossa terra e origem", disse.

Explicou ainda que a ABC organizou, há um mês, o Arraial do Dia da Madeira, durante o qual foi angariado 25.000 dólares norte-americanos (21.460 euros), para ajudar o funcionamento do Lar Padre Joaquim Ferreira.

"Nós fizemos um pedido e o Governo da RAM [Região Autónoma da Madeira] doou-nos a espada preta para o arraial. Como sobrou alguma espada quisemos fazer esta tertúlia, que também tem a solidariedade e a beneficência como norte", frisou.