
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, condenou, esta quarta-feira, veementemente a escalada de violência nas zonas costeiras da Síria, com "assassinatos sumários generalizados, incluindo de famílias inteiras", defendendo que "os autores de violações devem ser responsabilizados".
"O derramamento de sangue deve parar imediatamente. Os civis devem ser protegidos. Os autores de violações devem ser responsabilizados", destacou o diplomata português, numa mensagem na rede social X.
Desde quinta-feira que o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) contabilizou pelo menos 1.093 mortes de civis, na sua grande maioria alauitas, pelas "forças de segurança e grupos afiliados" nas províncias de Latakia e Tartus.
As tensões começaram no passado dia 6 numa aldeia de maioria alauita da província de Latakia, na sequência da detenção de uma pessoa procurada pelas forças de segurança.
"Famílias inteiras" foram mortas
A situação agravou-se quando homens armados da minoria muçulmana alauita, que as autoridades descreveram como leais ao antigo presidente deposto Bashar al-Assad, abriram fogo contra várias posições ocupadas pelas forças de segurança.
O OSDH denunciou então "execuções sumárias", nomeadamente de civis da comunidade alauita, a mesma de Assad.
Esta quarta-feira, a ONU afirmou que, em alguns casos, "famílias inteiras" tinham sido mortas.
Numa tentativa de resolver a situação, o Presidente anunciou no domingo a formação de uma "comissão de inquérito independente" sobre os "abusos contra civis", com o objetivo de identificar os responsáveis e "levá-los à justiça".
Devendo apresentar um relatório à presidência no prazo de 30 dias, a comissão irá proceder à "recolha e análise de todas as provas e relatórios disponíveis", garantiu Farhane.
A comissão irá entrevistar "testemunhas e todos os que possam ajudar, e definir os locais a inspecionar", acrescentou a mesma fonte, detalhando que "os vídeos serão examinados com especialistas" e "qualquer pessoa que a comissão considere estar envolvida ou sob suspeita (...) será levada à justiça".
Muitos habitantes da região costeira, no oeste do país, relataram à agência noticiosa France-Presse confrontos violentos, ações de segurança e execuções de civis.
O OSDH e outros ativistas publicaram vídeos de tiroteios contra pessoas desarmadas em trajes civis e outros vídeos que mostram dezenas de corpos em trajes civis amontoados no pátio de uma casa, com mulheres a chorar nas proximidades. A AFP referiu ainda não ter conseguido verificar de forma independente estes vídeos.