O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, lamentou hoje a morte do Papa Francisco, que recordou como "um mensageiro da esperança, humildade e humanidade".

"Junto-me ao mundo para lamentar o falecimento de Sua Santidade o Papa Francisco, mensageiro da esperança, da humildade e da humanidade", afirmou num comunicado, no qual sublinha que o pontífice "foi uma voz transcendental em defesa da paz, da dignidade humana e da justiça social".

Na nota, o secretário-geral da ONU sublinhou que Francisco "deixa um legado de fé, serviço e compaixão para todos, especialmente para aqueles que estão marginalizados ou presos pelos horrores do conflito".

"Foi um homem de fé para todas as fés, trabalhando com pessoas de todas as fés e origens para iluminar um caminho a seguir", acrescentou.

"Ao longo dos anos, as Nações Unidas foram muito inspiradas pelo seu compromisso com os objetivos e ideais da nossa organização, uma mensagem que transmiti nos meus encontros com ele como secretário-geral", referiu Guterres.

O antigo primeiro-ministro português recordou ainda que, durante a visita "histórica" do Papa à sede da ONU, em 2015, Francisco "falou sobre o ideal da organização para 'uma família humana unida'".

"O Papa Francisco também entendeu que a proteção da nossa casa comum é, no fundo, uma missão e uma responsabilidade profundamente moral que diz respeito a todas as pessoas", acrescentou Guterres, sublinhando ainda que a encíclica papal redigida pelo líder católico, Laudato Si, foi "um contributo fundamental para a mobilização global que culminou no histórico Acordo de Paris sobre as alterações climáticas".

Neste sentido, citou as palavras do Papa: "O futuro da humanidade não está exclusivamente nas mãos dos políticos, dos grandes líderes ou das grandes empresas, mas, na maior parte das vezes, está nas mãos daqueles que reconhecem o outro como um 'tu' e a si mesmos como parte de um 'nós'".

"O nosso mundo dividido e discordante será um lugar muito melhor se seguirmos o seu exemplo de unidade e compreensão mútua nas nossas ações", sublinhou.

"Apresento as minhas sinceras condolências aos católicos e a todos os que, em todo o mundo, se inspiram na vida e no exemplo extraordinários do Papa Francisco", acrescentou.

Também o alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, se juntou às condolências, referindo na sua conta na rede social X que o Papa se "levantou e falou, incansavelmente, em nome dos pobres, dos perseguidos, das vítimas da guerra, dos refugiados, dos migrantes".

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Türk, afirmou-se "triste" com a notícia e recordou o Papa como alguém "profundamente preocupado com a justiça, a paz e a dignidade humana".

Por seu lado, o comissário-geral da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente (UNRWA), Philippe Lazzarini, sublinhou que "a sua voz ajudou a chamar a atenção para a significativa desumanização da guerra em Gaza e não só", destacando o papel do Papa Francisco no apoio ao cessar-fogo na Faixa de Gaza e à libertação de todos os reféns -- uma posição que o líder da Igreja Católica voltou a defender no domingo passado.

O Papa Francisco morreu hoje aos 88 anos, após 12 anos de um pontificado marcado pelo combate aos abusos sexuais, guerras e uma pandemia. Nascido em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta a chegar à liderança da Igreja Católica.

Francisco esteve internado durante 38 dias devido a uma pneumonia bilateral e teve alta em 23 de março. A sua última aparição pública foi no domingo de Páscoa, no Vaticano, na véspera de morrer.