
O secretário-geral da ONU, António Guterres, indicou hoje que aguarda para ver "o que acontece" em relação ao encontro do Presidente norte-americano, Donald Trump, com o homólogo russo, Vladimir Putin, expressando o seu apoio ao diálogo.
"Apoiamos qualquer esforço que vise trazer a paz à Ucrânia e que esteja em conformidade com a Carta das Nações Unidas, o direito internacional e as resoluções da Assembleia-Geral e do Conselho de Segurança", disse o porta-voz adjunto de Guterres, Farhan Haq, em conferência de imprensa.
O encontro dos dois líderes foi hoje confirmado por Washington e Moscovo, tendo o conselheiro presidencial russo Yuri Ushakov adiantado que deverá acontecer na próxima semana.
O Putin afirmou hoje que os Emirados Árabes Unidos são um possível local para o encontro com Trump, que visa discutir soluções para o fim da guerra na Ucrânia.
A reunião foi acordada na véspera do término do prazo que Trump deu à Rússia para suspender a sua ofensiva na Ucrânia e mostrar iniciativa para negociar o fim do conflito, sob ameaça de novas sanções, extensíveis aos países importadores de hidrocarbonetos russos.
O Kremlin afastou, no entanto, a possibilidade de o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, participar no encontro.
"Propomos que, primeiro, nos foquemos na preparação de uma reunião bilateral com Trump. Consideramos extremamente importante que esta reunião seja bem-sucedida e produtiva", comentou Ushakov.
O encontro será o primeiro ao mais alto nível desde 2021, quando o ex-presidente norte-americano Joe Biden se reuniu com Putin em Genebra, Suíça, no ano anterior à invasão russa da Ucrânia.
No início do seu segundo mandato presidencial, em janeiro passado, Trump mostrou-se conciliador com Putin, por quem há muito demonstra admiração, e chegou a repetir alguns dos seus pontos de vista sobre a guerra na Ucrânia.
Mas recentemente manifestou crescente exasperação com o líder russo, criticando-o pela sua postura inflexível em relação aos esforços de paz liderados pelos Estados Unidos, culminando com a ameaça de mais sanções.
Zelensky pediu hoje pelo seu lado aos líderes europeus que se envolvam nas negociações sobre a guerra na Ucrânia e insistiu que "é tempo de acabar com a guerra".
Ao mesmo tempo que mantém uma forte pressão militar sobre a Ucrânia, a Rússia exige o reconhecimento das quatro províncias ucranianas que ocupa parcialmente (Lugansk, Donetsk, Kherson e Zaporijia), além da península anexada da Crimeia, e o abandono dos planos de reforço militar de Kiev e da sua ambição de aderir à NATO.
Todas estas condições são rejeitadas pela Ucrânia, que insiste na soberania da totalidade do seu território.