Na cerimónia de imposição de Insígnias Honoríficas Madeirenses, inserida nas comemorações do Dia da Região Autónoma da Madeira e das Comunidades Madeirenses, Guilherme Silva, distinguido com a Insígnia Autonómica de Valor, foi o porta-voz dos homenageados e defendeu um “reforço efectivo da autonomia política regional”.

Recordando o seu percurso, Guilherme Silva sublinhou ter integrado “os primórdios da nossa democracia” e, durante praticamente três décadas, representado a Madeira na Assembleia da República, num trabalho que começou “pela pedagogia das autonomias”. O ex-deputado destacou os avanços alcançados graças a uma “liderança forte de Alberto João Jardim, que nunca temeu o poder central”, bem como o papel dos actuais Governos Regionais, liderados por Miguel Albuquerque, que “nunca pactuaram com qualquer retrocesso”.

Na sua intervenção, afirmou que “a autonomia não é, e na verdade nunca será, acabada”, referindo os “incidentes de percurso” que marcam a relação entre as regiões autónomas e o poder central. Sublinhou que a própria Constituição pode, em certas circunstâncias, constituir um “embaraço”, e insistiu na necessidade de respeitar “os hábitos, cultos e tradições de cada povo”, defendendo que “o direito à diferença é essencial à plena cidadania”.

Guilherme Silva considerou que “não é possível pensar o futuro da autonomia regional sem analisar o passado e reflectir o presente”, lembrando o estado em que a Região se encontrava a 25 de Abril de 1974 e as profundas transformações desde então. Destacou ainda o “papel ímpar da Igreja” ao longo dos séculos, com especial relevância na Madeira.

Sobre a data comemorativa, elogiou a “feliz designação” de Dia da Região Autónoma da Madeira e das Comunidades Madeirenses, enaltecendo os emigrantes madeirenses como “os melhores de todos nós” e sublinhando que “na vida das comunidades não há presente que não seja reflexo próximo do passado”.

Defendeu, por fim, que “importa, numa oportuna revisão da Constituição, com coragem e sem receios, reforçar os poderes das regiões autónomas”, lamentando que, passados dez anos, esta “legítima aspiração” não tenha ainda sido concretizada.

Em nome pessoal e dos demais distinguidos, Guilherme Silva agradeceu ao Governo Regional as homenagens prestadas.