O Governo Português criou, através do Plano de Recuperação e Resiliência, um programa denominado 'Navegação Ecológica' com vista a incentivar a aceleração da transição energética do transporte marítimo de mercadorias e passageiros, uma medida que já permitiu avançar com melhorias energéticas em 10 navios portugueses, desses, cinco fazem parte da frota do Grupo Sousa.

No âmbito da II Madeira Maritime Week, que decorre no Hotel Savoy Palace, na cidade do Funchal, Duarte Rodrigues, director de Operações do Grupo Sousa, destacou esta terça-feira, 20 de Maio, o exemplo de descarbonização da transportadora marítima madeirense.

"O Grupo Sousa, de facto, aproveitou os fundos provenientes do PRR a nível nacional, candidatando-se num aviso que foi aberto a todos os armadores portugueses e em que foram escolhidos dez navios para serem transformados, cinco dos quais do Grupo Sousa", começou por explicar, acrescentando que se trata de um investimento de cerca de 14 milhões de euros para descarbonizar os navios.

Entre as medidas implementadas, o responsável salientou a utilização de biocombustíveis nos navios, a digitalização das embarcações, a automatização das próprias viagens e a ligação à energia eléctrica de terra, neste caso no navio Lobo Marinho, o que obriga a intervenções não só na embarcação, como também no porto, uma medida que "permitirá deixar de emitir cerca de 3.000 toneladas por ano de CO2 para a atmosfera, o que é um passo muito importante".

Através do apoio nacional 'Navegação Ecológica', o Grupo Sousa prevê também modernizar outros dois navios: "O que significa que toda a frota de navios do Grupo Sousa será alvo de medidas muito concretas e investimentos grandes para a descarbonização. O total do investimento ascenderá a cerca de 18 milhões de euros, o que demonstra o nosso compromisso para com a redução das emissões de CO2."

Sobre a possibilidade de adquirir novos navios, Duarte Rodrigues atenta que a incerteza quanto ao futuro inviabiliza investimentos a 30 anos, que é o caso de embarcações novas: "O Grupo Sousa está interessado em investir em novas construções, tem vontade e capacidade para o fazer, mas o futuro ainda está muito pouco definido. Colocam-se várias questões fundamentais, nomeadamente que combustíveis serão utilizados no futuro e se esses combustíveis estarão ou não disponíveis nos portos em geral e, em particular, nos portos das regiões ultraperiféricas, como é o caso da Madeira."