
O candidato presidencial Henrique Gouveia e Melo considerou hoje que a Força Aérea faz “milagres” no apoio à sociedade, recusou-se a falar sobre a situação no INEM, mas manifestou-se contra “exclusivos” entre entidades prestadoras de serviços.
Gouveia e Melo falava aos jornalistas após ter estado reunido com jovens representantes de federações académicas e associações de estudantes, no Parque Eduardo VII, em Lisboa.
Interrogado sobre a polémica em torno do caso em que, supostamente, um paciente demorou cinco horas a ser transportado do Hospital da Covilhã para Coimbra, o ex-chefe do Estado Maior da Armada não o comentou em concreto, mas defendeu o papel da Força Aérea na emergência médica.
“Conheço bem a Força Aérea, trabalhei com eles, faz o melhor que pode fazer com os instrumentos que o Estado lhe disponibiliza. Se a dúvida é se a Força Aérea deve ou não auxiliar, essa dúvida é tirada na própria Constituição”, referiu.
Segundo o almirante, as Forças Armadas, pela Lei Fundamental, “têm o dever de auxiliar a sociedade civil nas suas diversas dificuldades – e a Força Aérea faz isso muito bem”.
Mas, na sua resposta, foi ainda mais longe, salientando ter um grande respeito pelos seus “camaradas da Força Aérea, que fazem verdadeiros milagres”.
“Fazem verdadeiros milagres, não em operações militares, mas em operações à população civil”, especificou.
Interrogado sobre se há uma crise no Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), o almirante evitou falar desse tema e reagiu: “Ainda não sou Presidente da República e, por isso, acho que não devo pronunciar-me neste momento sobre isso.”
“Claro que todos queremos uma melhor saúde. Se as Forças Armadas têm um contributo a dar para uma boa resposta, então não devem ficar paradas com esse potencial”, alegou.
Perante os jornalistas, Gouveia e Melo apontou que há outras entidades com papel na emergência médica. E a seguir deixou uma crítica: “Às vezes – o que é curioso na sociedade portuguesa –, parece que as entidades querem ter exclusivos.”
“Mas querem ter exclusivos porquê? Nós devemos, todos, com os nossos potenciais e com recursos que o Estado nos distribui, dar o máximo de resposta possível, se tivermos essa capacidade de resposta”, insistiu.
Confrontado com o facto de o helicóptero utilizado pela Força Aérea no transporte do doente da Covilhã até Coimbra poder não ter sido o mais indicado, o ex-chefe do Estado Maior da Armada contrapôs com uma pergunta: “Havia outro disponível?”
“Se não havia outro e o equipamento foi usado e salvou pessoas, qual é a crítica que nós estamos a tentar aqui fazer? Não faz sentido. O que faz sentido é usar em cada momento tudo o que está disponível, sobretudo em urgência”, concluiu.
Questionado sobre a ideia do candidato Luís Marques Mendes de que nomeará pelo menos um jovem para o Conselho de Estado caso vença as eleições presidenciais de 2026, Gouveia e Melo desvalorizou essa ideia do seu adversário.
“Estive aqui reunido com representantes de federações e associações académicas que representam meio milhão de jovens e partilho da opinião de que os jovens devem ser ouvidos, tal como outros sectores da sociedade. Mas devem ser verdadeiramente ouvidos. Não é demagogicamente a fingir que os ouvimos”, declarou.
Depois, embora sem dizer se concorda ou não com a ideia de Marques Mendes, manifestou dúvidas sobre se o estímulo à participação dos jovens na vida política pode partir do Conselho de Estado.
“O que é que no Conselho de Estado se discute de verdadeiramente definitivo em termos organizativos e concretos no terreno? Os senhores já viram grandes discussões no Conselho de Estado que resultaram em políticas concretas e objetivas no passado?”, questionou.
Neste contexto, procurou então demarcar-se de outros candidatos presidenciais.
“Fruto do meu passado militar, primo pela eficiência. Porque a eficiência é com um determinado recurso fazer o melhor possível com esse mesmo recurso. Não primo pela demagogia”, acrescentou.